Uma multidão de egípcios se despediu neste domingo do papa da Igreja copta Shenouda III, na catedral de Abassiya, no Cairo, onde o caos da aglomeração causou a morte de pelo menos três pessoas e deixou pelo menos 40 feridos. Desmaios e sintomas de asfixia foram registrados dentro e fora da catedral, onde foi instalada uma câmara com o corpo do religioso.
Quase não havia presença policial e os poucos agentes que estavam fora do complexo da catedral contemplavam a cena com olhar impassível, enquanto dois carros de combate militares frente ao templo também não faziam nada para controlar a massa de gente. Grupos de voluntários ligados à catedral eram os únicos que tentavam controlar a multidão.
O chefe da Junta Militar egípcia, o marechal Hussein Tantawi, e outros altos cargos do Conselho Supremo das Forças Armadas estiveram presentes no velório. Shenouda III era partidário do ex-ditador Hosni Mubarak, mas também conciliador com o poder militar. Para muitos egípcios, ele simbolizava um elemento de estabilidade num país com futuro político ainda incerto.
Medo – Após a queda de Mubarak e a vitória maciça dos partidos islamitas nas eleições legislativas, aumentaram os temores da comunidade copta, marginalizada e alvo de muita violência. A Igreja copta ortodoxa do Egito é a maior comunidade cristã do Oriente Médio, mas representa menos de 10% da população egípcia.
Nascido em 1923, Nazir Gayed, que mais tarde se transformaria em Shenouda III, foi designado em 1971 papa de Alexandria e Patriarca da Igreja Copta Ortodoxa de San Marcos, após a morte de Kirilos VI. No Vaticano, o Papa Bento XVI prestou homenagem a um “grande pastor”, e o presidente americano Barack Obama saudou a memória de um “advogado da tolerância e do diálogo religioso”.
(Com agência EFE)