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Velha raposa da política egípcia aposta em seu prestígio

Enrique Rubio. Cairo, 18 mai (EFE).- Provavelmente ele não é o candidato mais carismático, nem quem melhor encarna os valores da revolução, mas Amr Moussa, uma velha raposa da política, conta com uma vantagem fundamental: todos os egípcios conhecem seu nome. Em um país com um terço de analfabetos, Moussa (Cairo, 1936) acredita que o […]

Por Da Redação
18 Maio 2012, 17h46
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  • Enrique Rubio.

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    Cairo, 18 mai (EFE).- Provavelmente ele não é o candidato mais carismático, nem quem melhor encarna os valores da revolução, mas Amr Moussa, uma velha raposa da política, conta com uma vantagem fundamental: todos os egípcios conhecem seu nome.

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    Em um país com um terço de analfabetos, Moussa (Cairo, 1936) acredita que o reconhecimento popular que ganhou à frente da Liga Árabe e como ministro de Relações Exteriores o ajudará a se tornar o primeiro presidente do Egito democrático.

    Ao mesmo tempo, seu passado é um de seus pontos fracos, já que é visto por uma parte considerável da população como um ‘fulul’, ou seja, um dos remanescentes do regime de Hosni Mubarak.

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    No entanto, Moussa é acompanhado por essa aura de ‘presidenciável’, quase de candidato inevitável, o que reforçou seus altos níveis de auto-estima e lhe deu impulso nas pesquisas.

    Apesar de seu porte de aristocrata, ninguém poderá dizer que o veterano diplomata não sujou seus sapatos.

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    Uma intensa campanha o levou aos povoados mais remotos do Egito rural, onde é difícil não se deparar com algum cartaz seu, o que delata a generosidade de seus doadores, entre os quais, dizem seus inimigos, estão algumas das maiores fortunas do país.

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    Moussa conta como aliados com todos os que temem um Egito islamita, além de um bom número de caciques locais que o ajudaram a estender sua rede de influência.

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    Além disso, utilizou seus melhores dotes de equilibrismo político para não irritar o Exército com suas declarações – costuma evitar as perguntas mais espinhosas sobre a atuação da Junta Militar – e para também não alienar com seu laicismo os piedosos egípcios.

    Sua difusa ideologia mistura elementos de nacionalismo com veemência, liberalismo econômico e pragmatismo exterior, tudo isso regido por uma premissa: ‘O Egito precisa de seriedade’, disse em recente entrevista à Agência Efe.

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    Em sua longa trajetória como diplomata, ele se envolveu em todos os tipos de negociações, o que representa uma de suas maiores virtudes, mas que ao mesmo tempo constitui, como reconheceu, um de seus pontos fracos, por ser considerado alguém capaz de pactuar com Deus e com o diabo.

    Filho de um parlamentar egípcio, Moussa formou-se em Direito na Universidade do Cairo e depois completou seus estudos jurídicos em Paris. Antes de desembarcar na Liga Árabe, desenvolveu quase toda sua carreira no Ministério de Relações Exteriores egípcio, onde ingressou em 1958, e foi designado embaixador em União Soviética, Suíça, Índia e na ONU.

    Em 1991, alcançou o auge da carreira diplomática com sua nomeação como ministro de Relações Exteriores, cargo que manteve durante uma década complicada. Foi naquela época que forjou uma reputação de linha dura frente a Israel, contrária ao suposto entreguismo de Mubarak, que se conectou com uma opinião pública profundamente antisionista.

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    Na ocasião, uma canção em sua homenagem invadiu as listas das mais vendidas no mundo árabe. ‘Odeio Israel e Amo Amr Moussa’, de Shaban Abderrahim, ainda pode ser escutada em seus atos eleitorais.

    No entanto, o próprio Moussa se encarregou de minguar as esperanças de uma brusca guinada na política em relação ao país vizinho.

    ‘Temos grandes desacordos com Israel e uma grande parte de nosso povo o considera como inimigo, mas o presidente tem que tramitar essa realidade com sabedoria em vez de seguir palavras de ordem que podem levar a um choque para o qual talvez não estejamos preparados’, ressaltou em um recente debate eleitoral.

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    Sua consagração como personalidade internacional chegou em 2001, após ser nomeado secretário-geral da Liga Árabe. À frente da organização, acusada em muitas ocasiões de inoperância, Moussa foi o rosto do mundo árabe perante a comunidade internacional no complexo cenário aberto após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

    Sua oposição às operações de Israel contra os palestinos e sua rejeição à Guerra do Iraque marcaram a década de sua liderança na Liga Árabe, que terminou quando, em maio de 2011, anunciou sua candidatura às eleições presidenciais.

    Focado nos dois principais problemas que, segundo sua opinião, preocupam a cidadania egípcia, a segurança e a economia, Moussa se cercou de uma equipe de antigos assessores e jovens profissionais que o acompanham em seu ônibus de campanha, encarregados de fazer com que sua presença seja sentida também nas redes sociais.

    Casado e com uma filha, Moussa, aos 75 anos, está diante da grande oportunidade de sua vida para dirigir o Egito pela via democrática e endireitar o rumo de um país que marcha a tropeções pela transição, após o final de mais de 50 anos de governo militar. EFE

    er/rsd/id

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