Uruguai tem maior taxa de novos casos de Covid-19 na América Latina
Outrora considerado exemplo regional no combate à pandemia, país passa por seu pior momento e ultrapassou Brasil em média de infecções
Outrora exemplo regional no combate ao novo coronavírus, o Uruguai vive agora seu pior momento desde o início da pandemia. Com o recorde de 1.587 novos casos no último domingo, 14, o país passou a ter a maior taxa de novos casos na América Latina a cada milhão de habitantes, ultrapassando o Brasil.
O indicador chegou a 335,66, contra 314,5 no Brasil. O Chile, que também passa por um aumento de casos da doença, tem 266,77 infecções a cada milhão de habitantes. O Uruguai conta atualmente com 10.462 casos ativos, sendo 124 em cuidados intensivos, o que também representa um recorde negativo, conforme dados da média móvel em 7 dias da plataforma Our World in Data.
Para o matemático Marcelo Fiori, que integra o Grupo Assessor Científico Honorário (GACH), órgão consultivo formado por especialistas, o Uruguai está vivendo o pior momento da pandemia.
“A quantidade de casos vem subindo e dificilmente cairá nas próximas semanas, assim como os números de casos na UTI, que também estão quebrando recordes”, declarou ao jornal uruguaio El Observador. Com 33,51 casos a cada 100 mil pessoas em uma semana, os uruguaios estão atualmente na zona de risco vermelha, segundo os parâmetros da Universidade Harvard.
Montevidéu chamou a atenção desde o ano passado por ter aplicado uma estratégia singular no combate à pandemia, sem a adoção de confinamentos obrigatórios. O presidente Luis Lacalle Pou disse, à época, que preferia seguir um caminho de “liberdade responsável”, que consiste na ideia de que a população permaneça em suas casas, porém sem os controles policiais vistos em outros países.
Em meados de junho do ano passado, o país, de 3,4 milhões de habitantes, registrava dias sem contágio. Pouco depois, em agosto, a capital, Montevidéu, chegou a se tornar a primeira da América Latina a reabrir teatros. Na época, também foi autorizada a reabertura de museus, galerias de arte e salas de cinema, todos com capacidade reduzida e medidas de controle, como uso obrigatório de máscaras e distanciamento físico.
Essa reabertura, no entanto, foi causa direta para o aumento de casos no final do ano, segundo os especialistas. O país chegou a fechar suas fronteiras entre o fim de dezembro e meados de janeiro, além de suspender reaberturas de atividades não essenciais.
Atualmente, o país soma 72.862 casos registrados do novo coronavírus desde o início da pandemia, incluindo 717 mortes.
Apesar das taxas em alta, o Uruguai ainda tem desempenho melhor que vizinhos em alguns indicadores. A taxa de letalidade, de cerca de 1%, é uma das mais baixas na América Latina e menor do que a observada em nações com populações similares, como o Paraguai, segundo o portal Our World in Data.