UE aponta deficiências nas eleições russas e pede solução
Bloco concorda com análise de observadores internacionais sobre fraude
A União Europeia (UE) afirmou nesta segunda-feira que compartilha a análise dos observadores internacionais sobre as eleições presidenciais russas e pediu a Moscou que solucione as “deficiências detectadas”. Maja Kocijancic, porta-voz comunitária de Relações Exteriores, disse, em uma primeira reação à vitória de Vladimir Putin nas eleições presidenciais russas, que a UE concorda com a opinião das missões da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e do Conselho da Europa.
Os observadores denunciaram nesta segunda-feira algumas irregularidades na votação realizada no domingo, embora também tenham destacado os avanços registrados em relação às eleições parlamentares de dezembro. “Em geral, compartilhamos de sua análise”, declarou Maja, garantindo que a UE trabalhará com as novas autoridades russas e solicitará que continuem com as reformas e tentem resolver os problemas detectados no processo eleitoral.
Entre essas deficiências, a porta-voz apontou informações sobre o acesso desigual dos candidatos a meios eletrônicos, um acompanhamento desleixado por parte da rede de televisão estatal e certas práticas administrativas. “É um amplo leque de assuntos já identificados na rodada anterior de eleições. Estimulamos a Rússia a enfrentá-los e, até certo ponto, foram acertados, mas só entrarão em vigor depois das eleições presidenciais”, afirmou.
Acompanhamento – Segundo Maja, a UE “toma nota” do resultado preliminar das eleições e “espera trabalhar com o novo presidente russo e seu governo no total apoio da agenda de modernização da Rússia”. A porta-voz da Alta Representante da UE, Catherine Ashton, lembrou que a Rússia é um “parceiro estratégico” do bloco e que, por isso, a União acompanhou “com muita atenção tanto o processo eleitoral como o debate público nas eleições parlamentares de dezembro e nas presidenciais de domingo”. Após essa primeira reação, será emitido um comunicado oficial da UE nas próximas horas, explicou a representante.
Protestos – Também nesta segunda-feira, a oposição extraparlamentar russa afirmou que não reconhece a vitória de Putin nas eleições presidenciais devido às inúmeras falsificações. “Não reconhecemos como legítimas as eleições presidenciais. Foram utilizadas tecnologias sujas de manipulação eleitoral”, disse Sergei Udaltsov, um dos dirigentes do comitê ‘Por eleições limpas’.
Para Udaltsov, a vitória de Putin no primeiro turno com mais de 63% dos votos é “uma falta de respeito à sociedade civil russa”. “Reforçaremos a campanha de desobediência civil com grandes protestos”, antecipou.
O líder da Frente de Esquerda afirmou que, no protesto que a oposição realizará nesta tarde na Praça Pushkin, “serão anunciados os próximos passos da oposição”.”Reunimos mais de 100.000 pessoas. Temos um novo argumento, a duvidosa vitória de Putin nas eleições presidenciais’, disse Sergei Mitrokhin, líder do partido liberal Yabloko.
Contudo, a Promotoria de Moscou advertiu nesta segunda-feira a oposição mais radical de que não deve infringir a lei durante os protestos antigovernamentais. A prefeitura de Moscou – que se opôs aos protestos da oposição nas praças Lubianka, perto da Comissão Eleitoral, e Manezh, em frente ao Kremlin – prometeu à oposição que fechará o trânsito em algumas das ruas que cercam a Praça Pushkin.
(Com agência EFE)