Ucrânia prende político da oposição aliado próximo de Putin
Viktor Medvedchuk estava foragido desde fevereiro e era cotado para assumir um eventual governo caso Kiev caísse
O governo da Ucrânia anunciou nesta terça-feira (12) a captura de Viktor Medvedchuk, considerado o principal aliado político do presidente russo, Vladimir Putin, no país. Ele estava foragido desde fevereiro, quando escapou de prisão domiciliar.
Deputado e líder do partido da oposição mais proeminente, o magnata estava cotado para assumir um eventual novo governo caso as tropas russas conseguissem derrubar Kiev. A sua proximidade com o presidente russo também é notória, à medida que sua filha é afilhada de Putin.
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Em publicação nas redes sociais, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, divulgo a foto do político algemado e vestido com um uniforme do Exército da Ucrânia. O chefe da agência de segurança, Ivan Bakanov, disse que os agentes realizaram uma “operação especial de vários níveis, rápida e perigosa, para deter” o deputado “amigo da Rússia”.
“Uma operação especial foi realizada pelo Serviço de Segurança da Ucrânia. Bom trabalho!”, escreveu Zelensky em sua conta no Telegram.
Por meio do mesmo aplicativo, o governo emitiu um comunicado dizendo que “nenhum traidor escapará da punição e todos serão responsabilizados sob a lei da Ucrânia”.
Medvedchuk, de 67 anos, estava em prisão domiciliar desde o ano passado, quando foi acusado de traição por tentar roubar recursos naturais da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e de entregar segredos militares para o Kremlin.
Visto com o principal representante dos interesses de Moscou na Ucrânia, ele chegou a ser incluído em 2014 na lista de sanções do governo dos Estados Unidos pelo suposto envolvimento na anexação da Crimeia.
Apesar disso, ele retornou ao Parlamento em 2018 como líder da principal força contrária a Zelensky no legislativo, a Plataforma de Oposição – Pela Vida. Mais tarde, em 2021, ele e sua esposa, Oksana, foram acusados de financiar milícias separatistas no leste ucraniano, em Donetsk e Luhansk, e receberam ordens de prisão domiciliar pelo crime de traição.
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De acordo com autoridades da Ucrânia, o magnata negou todas as acusações e aproveitou a invasão russa para fugir já no primeiro dia, em 24 de fevereiro. A polícia notou sua ausência dois dias depois, quando anunciou que ele estava foragido.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não se pronunciou sobre o assunto, se limitando a dizer que “há muitas falsificações vindo da Ucrânia e que isso precisa ser verificado”. No entanto, relatos apontam que a repressão de Medvedchuk causou ira em Putin e em todo o governo russo, que prometeu uma resposta ao que chamou de perseguição política.