O governo da Turquia chamou nesta segunda-feira para consultas seu embaixador em Brasília, Hüseyin Diriöz, depois que o Senado se solidarizou com o povo armênio perante o genocídio sofrido há cem anos. Em linguagem diplomática, “chamar um embaixador para consultas” implica uma espécie de agravo ao país no qual está a representação diplomática. Com isso, a Turquia envia uma mensagem de desaprovação para o Brasil.
O Ministério das Relações Exteriores turco divulgou um comunicado condenando a resolução do Senado brasileiro do dia 2 de junho por considerar que “distorce as verdades históricas e omite a lei, e o consideramos como um exemplo de irresponsabilidade”. O governo da Turquia acrescenta que seus pontos de vista a respeito da morte de centenas de milhares de armênios em 24 de abril de 1915 já foram transmitidos ao embaixador do Brasil em Ancara.
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O Senado se solidarizou com o povo armênio no centenário da “campanha de extermínio de sua população”, realizada pelo Império Otomano durante a I Guerra Mundial. Alguns senadores inclusive consideraram necessário que a Turquia “reconheça o crime de genocídio e estabeleça um diálogo produtivo com a Armênia hoje”.
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A postura oficial da Turquia consiste em que as mortes de centenas de milhares de armênios em 1915, nas proximidades do Império Otomano, eram consequência das ramificações da I Guerra Mundial na Anatólia e comparáveis às perdas de vidas entre várias etnias de fé muçulmana. Além disso, insiste em que não se pode usar o termo “genocídio” para fatos anteriores a sua definição legal em 1948.
(Da redação)