Turcos vão às urnas em clima de alta tensão
Depois de perder a maioria absoluta no Parlamento em junho, o presidente Recep Tayyip Erdogan convoca a população a um novo pleito em menos de cinco meses
Mais de 50 milhões de turcos foram convocados às urnas neste domingo para eleger um novo parlamento. A votação teve início às 7h no leste da Turquia (2h, horário de Brasília) e uma hora depois no restante do país, e deve terminar às 17h (12h no horário de Brasília). Uma proibição impede que os resultados sejam divulgados antes das 21h, mas esse horário costuma ser antecipado pelas as autoridades eleitorais.
O pleito é o segundo em cinco meses e foi antecipado depois que o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), fundado pelo atual presidente Recep Tayyip Erdogan, perdeu a maioria absoluta no Parlamento nas eleições de 7 de junho. Apesar de ter recebido 40,6% dos votos, o partido foi incapaz de encontrar um parceiro menor de coalizão e perdeu a situação favorável com que contava há 13 anos.
Ao mesmo tempo, a instabilidade política tomou o país: o cessar-fogo com militantes curdos deu lugar a confrontos sangrentos, a guerra na vizinha Síria se agravou e a Turquia, país membro da Otan, foi atingido por dois ataques de homens bomba ligados ao grupo Estado Islâmico, que mataram mais de 130 pessoas.
“A Turquia tem feito grandes progressos no caminho da democracia e isso será reforçado com as eleições de hoje”, disse o presidente Erdogan ao depositar seu voto em Istambul.
Críticos do líder islâmico conservador dizem que o pleito foi convocado para conseguir apoio suficiente para eventualmente modificar a constituição a seu favor e concentrar mais poder em suas mãos. Selahattin Demirtas, líder do Partido Democrático Popular (HDP), pró-curdo, disse que Erdogan “se vê como o líder religioso de um califado”. Já Kemal Kılıçdaroğlu, líder do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), alertou: “Alguns querem restaurar o sultanato no país. Não permitam!”.
Pesquisas sugerem que o apoio ao partido de Erdogan pode ter aumentado um pouco, mas não o suficiente para que os resultados da atual eleição sejam muito diferentes daqueles apresentados em junho.
Cerca de 400 mil policiais foram mobilizados para garantir a segurança da votação, especialmente no sudeste do país, afetado pela retomada do conflito curdo.
(Com Reuters)