O governo da China se esforça para mostrar que recuperou o controle da situação no Tibete, palco de violentos protestos nos últimos dias — nesta quarta-feira, a imprensa estatal do país divulgou que mais de 100 manifestantes se entregaram à polícia depois dos tumultos na capital do território, Lhasa. As ruas da cidade estão vazias e há um grande contingente de soldados e policiais de prontidão. Os grupos de defesa da autonomia tibetana dizem que as tropas continuam prendendo os dissidentes.
Ansioso para acabar de vez com os protestos, o governo chinês nega ter usado violência para reprimir os ativistas tibetanos. As autoridades dizem ainda que 105 que já se renderam à polícia, que tinha dado prazo até a meia-noite de segunda para que os manifestantes se entregassem. Os relatos de protestos, porém, não acabaram. Cenas divulgadas por uma equipe de jornalistas do Canadá mostram um grupo de centenas de manifestantes trocando uma bandeira chinesa por uma tibetana na terça.
O protesto ocorreu numa escola perto de Hezuo. Os soldados usaram gás lacrimogêneo para conter os manifestantes. O governo tibetano no exílio diz que 99 pessoas já morreram nos confrontos (80 em Lhasa e 19 em outras cidades). O governo chinês só admite 13 mortes, e coloca a culpa nos próprios manifestantes, e não na polícia. As informações comprovadas são escassas, já que a imprensa não tem permissão para acompanhar a crise no Tibete. Ao mesmo tempo, a briga política continua.
Nesta quarta, o secretário do Partido Comunista Chinês no Tibete, Zhang Qingli, descreveu o conflito como “uma luta de sangue e fogo, uma disputa de vida e morte com o grupo do Dalai Lama”. As declarações foram ouvidas numa reunião de líderes regionais. Zhang descreveu o Lama, vencedor do prêmio Nobel da Paz em 1989, como “um chacal vestido de monge”. O líder espiritual dos tibetanos disse que “a violência é contra a natureza humana” e que os tibetanos “não devem odiar os chineses”.