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Trump trava batalha com governadores por coronavírus

Presidente americano pressiona pelo alívio das medidas de quarentena e retomada da economia; gestores cobram Casa Branca por mais recursos

Por Da Redação
Atualizado em 27 mar 2020, 12h38 - Publicado em 27 mar 2020, 10h30

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está em plena tensão com os governadores dos estados mais atingidos pela pandemia de coronavírus, pois pressiona pelo alívio das medidas de quarentena implantadas. O republicano argumenta que o isolamento social está prejudicando demais a economia americana. Enquanto isso, os governadores cobram o governo federal por mais recursos.

Nesta quinta-feira 26, Trump afirmou que a população está ansiosa para “voltar ao trabalho” e enviou uma carta aos governadores informando que a Casa Branca está desenvolvendo novas diretrizes para categorizar o risco representado pelo coronavírus em cada município do país. O anúncio soou como uma preparação para abrandar as restrições de isolamento nas áreas menos afetadas.

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A avaliação otimista do presidente, contudo, entra em conflito com os diversos alertas emitidos por especialistas e organizações de saúde pública, que afirmam que abandonar as medidas de quarentena pode ser uma ação catastrófica para os Estados Unidos. O país ultrapassou a China, Itália e Espanha nesta quinta-feira em número de casos de Covid-19: são 85.996 infecções e 1.300 mortes confirmadas.

A postura de Trump também tem aumentado a insatisfação dos governadores dos estados mais atingidos pelo coronavírus, como Califórnia, Washington e Nova York. Os hospitais dessas regiões estão cada vez mais lotados e os estoques de suprimentos médicos estão no limite.

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De acordo com o jornal The Washington Post, em uma teleconferência com os governadores na quinta, Jay Inslee, governador de Washington, pediu ao presidente que tomasse medidas federais mais drásticas para garantir o abastecimento de seu estado com suprimentos médicos. Depois que Trump disse ao grupo que a Casa Branca estava pronta para apoiá-los na crise, como um “reserva”, Inslee interveio: “Não precisamos de um reserva. Precisamos de um Tom Brady”, disse, em referência ao jogador de futebol americano vencedor do Super Bowl e marido da modelo brasileira Gisele Bündchen.

Ainda segundo o Post, o presidente americano respondeu de forma defensiva, afirmando que sua administração já fizera muito por Washington, o primeiro estado a ser abalado pelo coronavírus nos Estados Unidos.

Na terça-feira 24, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, já havia cobrado o governo federal por mais recursos. Segundo Cuomo, a Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema, na sigla em inglês) enviou 400 respiradores para o estado, mas Nova York precisa de ao menos 30.000 neste momento. “O que eu devo fazer com 400 respiradores quando eu preciso de 30.000?”, questionou. “Escolham vocês as 26.000 pessoas que vão morrer, porque só mandaram 400 respiradores”, disse, em um recado a Trump.

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O presidente americano não é o único a entrar em conflito com seus governadores por conta da pandemia de coronavírus. No Brasil, Jair Bolsonaro repreendeu os governadores do país por implantarem medidas de quarentena em um discurso em rede nacional na quarta-feira 25.

Bolsonaro encomendou o texto após ter se irritado com os governadores do Norte e do Nordeste em videoconferências realizadas na segunda-feira 23. Ele ficou incomodado com os pedidos feitos por gestores de estados que ainda não alcançaram números expressivos de casos de coronavírus.

Em uma reunião por videoconferência dos governadores do Sudeste, João Doria, de São Paulo, enfrentou o presidente brasileiro e abriu sua fala batendo duro no comportamento do chefe de Estado, que tem minimizado os efeitos do coronavírus e desestimulado a população a praticar o isolamento social. “Presidente Bolsonaro, na condição de cidadão, de brasileiro e também de governador de São Paulo lamentamos o seu pronunciamento ontem à noite à Nação. Nós estamos aqui, os quatro governadores do Sudeste, em respeito ao Brasil e aos brasileiros, e em respeito ao diálogo e entendimento”, disse.

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