Trump diz não conseguir pagar fiança de R$ 2,28 bi exigida pela Justiça
Ex-presidente dos EUA agora depende de um recurso da decisão do tribunal que o condenou por fraude
Os advogados do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump afirmaram nesta segunda-feira, 18, que o republicano não conseguiu levantar dinheiro suficiente para cobrir a fiança de US$ 454 milhões (R$ 2,28 bilhões) exigida pela Justiça após ele ser condenado por fraude em Nova York. O processo concluiu que ele distorceu valores de propriedades para enganar credores e seguradoras.
Segundo sua equipe de defesa, 30 empresas de fiança rejeitaram pedidos de empréstimos. Caso nenhuma organização aceite pagar a quantia, Trump precisará tirar dinheiro do próprio bolso para evitar ser preso, o que aumenta a possibilidade de ele ter seus bens confiscados.
“Desproporcional”
Para os advogados, o valor da fiança é “grosseiramente desproporcional” aos crimes que pelos quais o juiz nova-iorquino Arthur Engoron condenou o ex-presidente. Eles entraram com um pedido judicial que solicita a suspensão do pagamento.
“A aplicação de uma exigência de fiança impossível como condição de recurso infligiria danos manifestos e irreparáveis aos réus”, escreveram os advogados de Trump. “A grande maioria simplesmente não tem força financeira para lidar com uma fiança deste tamanho. Dos que o fazem, a grande maioria não está disposta a aceitar o risco associado”, completaram.
O recurso da defesa pede que a execução da sentença seja adiada. Enquanto corre a apelação, o documento pede que ele seja autorizado a pagar apenas US$ 100 milhões até o dia 25 de março.
Com juros, Trump e os outros réus, incluindo altos executivos de sua empresa imobiliária, a Trump Organization, vão precisar pagar US$ 467,3 milhões. Porém, para obter um título de crédito, Trump precisaria prestar uma garantia no valor de US$ 557 milhões.
Reveses judiciais
Trump deve depositar o dinheiro, ou apresentar um título de crédito, em até 30 dias após a sentença. O prazo do pagamento é dia 25 de março, caso contrário o Estado confiscará alguns dos ativos da Trump Organization para garantir o pagamento.
O caso de fraude civil foi apresentado pela procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, em setembro de 2022, e é um dos vários problemas jurídicos que o republicano enfrenta durante a corrida pela Casa Branca, que vai disputar em novembro com o atual presidente, o democrata Joe Biden. O ex-presidente negou qualquer irregularidade e prometeu recorrer da decisão que ameaça o império imobiliário de sua família.
Além disso, o ex-presidente precisou pagar US$ 91,6 milhões para cobrir um veredicto de difamação e US$ 83,3 milhões em indenização para a escritora E. Jean Carrol, que o acusou de ter destruído sua reputação como jornalista ao negar que a estuprou. Em meio à corrida eleitoral, ele também enfrenta uma série de processos criminais, acumulando 14 acusações por subversão das eleições de 2020 (quando perdeu para Biden), 34 por pagamentos secretos (que foram mentirosamente registrados como fundos de campanha) e 40 por se recusar a devolver documentos confidenciais após deixar o Salão Oval.