Os primeiros militares americanos enviados à Europa para reforçar a presença da Otan, principal aliança militar ocidental, desembarcaram nesta sexta-feira, 4, na Alemanha, afirmou o Comando Europeu do Exército dos Estados Unidos. A chegada se dá em meio ao aumento de presença militar na Rússia na fronteira com a Ucrânia, elevando tensões na região.
“Soldados do 18º Corpo Aéreo desembarcaram em Wiesbaden hoje”, disse um porta-voz do comando em comunicado, acrescentando que irão montar um quartel general na Alemanha para dar apoio aos 1.700 paraquedistas que serão enviados à Polônia.
De acordo com o comunicado, “estes são os primeiros dos 2.000 soldados a chegar na Europa após o anúncio do Pentágono de forças adicionais saindo dos Estados Unidos para a Europa em apoio aos nosso aliados da Otan”.
O envio de mais de 3.000 soldados americanos para reforçar a segurança no leste da Europa foi anunciado pelo presidente Joe Biden na última terça-feira, no primeiro movimento da Casa Branca desde o início da tensão entre Rússia e Ucrânia.
Os 2.000 soldados citados no comunicado foram despachados do estado da Carolina do Norte para a Polônia e Alemanha, enquanto outros 1.000, que já estavam em território alemão, serão realocados para a Romênia.
Além dos Estados Unidos, outros países da Aliança também estão se movimentando para um possível ataque pelo leste da Europa. Holanda, Espanha e Dinamarca já começaram a posicionar navios e aeronaves, enquanto o Canadá anunciou que irá estender o seu programa de treinamento na Ucrânia por mais três anos.
Além dos anúncios recentes, é esperado que o Pentágono faça outras movimentações dentro da Europa, após ter ordenado que milhares de tropas fiquem de prontidão para uma eventual ação. Na semana passada, 8.500 soldados já haviam recebido ordens semelhantes.
Ao mesmo tempo em que comanda as movimentações militares, o governo de Biden também tenta reduzir qualquer escalada na situação de maneira democrática e prepara uma série de sanções para os russos caso a ofensiva se concretize, além de autorizar a transferência de armas e equipamentos para o exército ucraniano.
No entanto, nenhuma tropa está autorizada a entrar em território ucraniano. Atualmente, há apenas um grupo pequeno de treinadores militares americanos e membros das forças de operações especiais dentro do país.
“Eles são treinados e equipados para uma variedade de missões durante este período de risco elevado. Essas implantações também são destinadas a deter a ameaça contra a Aliança”, disse um alto funcionário de defesa do governo americano.
As novas tropas mobilizadas podem ser usadas para uma eventual retirada dos mais de 30.000 americanos que vivem atualmente na Ucrânia e, se isso for necessário, elas não serão enviadas para dentro do país, mas sim para áreas ao longo da fronteira para facilitar a evacuação.
Na terça, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou os Estados Unidos e a Otan de tentar empurrar a Rússia para uma guerra, mesmo esperando que os diálogos continuem. Autoridades do governo americano acreditam que Putin ainda não tomou a decisão de invadir, porém esperam que isso possa acontecer nas próximas semanas.
O Kremlin é contra a possível adesão de Kiev à aliança militar da Otan e vem alertando que uma adesão terá consequências graves. A Aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos 30 aliados e pela própria Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira para preparar um ataque.
Os Estados Unidos ameaçam a Rússia, prometendo uma “forte resposta” caso o exército russo invada a Ucrânia. Moscou, do outro lado, negou planos de invadir o país vizinho, mas há intensa movimentação militar na região.
As avaliações mais recentes da inteligência dos EUA colocam mais de 50 grupos táticos russos enviados dentro e nos arredores da fronteira com a Ucrânia, enquanto a avaliação mais recente do Ministério da Defesa ucraniano diz que a Rússia já enviou mais de 127.000 soldados à região.
Putin afirmou que uma eventual adesão do país vizinho à Otan é uma ameaça não apenas à Rússia, “mas também a todos os países do mundo”. Segundo ele, uma Ucrânia próxima ao Ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado.