Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Tribunal turco anula parte de reforma de Erdogan para controlar a Justiça

A corte máxima do país promove a segunda derrota para o governo turco, que tenta tolher a liberdade de imprensa e a independência do Judiciário

Por Da Redação
11 abr 2014, 14h47
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O Tribunal Constitucional turco voltou a contrariar, nesta sexta-feira, o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, e anulou parte da reforma judicial destinada a reforçar o controle sobre os magistrados, em pleno escândalo de corrupção. Uma semana depois de ter ordenado o fim do bloqueio do Twitter, a principal instância judicial do país declarou inconstitucionais os novos poderes concedidos ao ministro da Justiça sobre o Alto Conselho dos Juízes e Promotores, que permitiam, entre outras coisas, nomear os magistrados.

    Publicidade

    Um deputado da oposição recorreu ao Tribunal Constitucional para denunciar o que considerava uma violação dos princípios de separação dos poderes. “Esta lei tinha tantos elementos inconstitucionais que teria sido surpreendente uma decisão diferente do tribunal”, comentou o vice-presidente do Partido Republicano do Povo, Sezgin Tanrikulu, que faz oposição a Erdogan. “O Tribunal Constitucional atua como orgão de controle do regime”, completou Tanrikulu.

    Publicidade

    Leia também

    Partido de Erdogan proclama vitória na capital turca

    Publicidade

    Após Twitter, YouTube também é bloqueado na Turquia

    Justiça turca suspende fechamento do Twitter

    Publicidade

    O ministro da Justiça, Bekir Bozdag, lamentou a decisão, disse que o governo considera “a legislação de acordo com a Constituição”, mas acatará a sentença. “A sentença afirma que, segundo a Constituição, não pode existir uma lei em contradição com a independência e a neutralidade dos juízes e dos promotores”, afirmou o presidente da Ordem dos Advogados da Turquia, Metin Feyzioglu.

    O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, no poder desde 2002, apresentou o projeto de lei depois que, em dezembro do ano passado, explodiu um escândalo de corrupção sem precedentes que afeta dezenas de colaboradores do governo. A oposição interpretou a atitude como uma tentativa do governo de controlar a Justiça para calar as acusações.

    Publicidade

    Além da reforma, Erdogan ordenou uma série de punições na polícia e na Justiça por considerar que as instituições são manipuladas pela organização do pregador muçulmano Fetullah Gülen, ex-aliado e atual desafeto do primeiro-ministro turco. O premiê afirma que as denúncias são parte de um complô. Grande vencedor das eleições municipais de 30 de março, Erdogan prometeu que acertaria contas com Gülen e “estudaria” a possibilidade de disputar a presidência em agosto.

    Saiba mais

    Publicidade

    Ex-aliado, clérigo se torna ameaça a governo de Erdogan

    Quem é Fetullah Gülen, o muçulmano mais influente do mundo

    Advertências dos EUA e da UE – A aprovação do projeto que limitava os poderes dos juízes provocou um debate intenso no Parlamento, com direito a briga entre os deputados. A reforma provocou diversas advertências União Europeia (UE) e dos Estados Unidos, temerosos de que afetaria a “independência da Justiça” na Turquia. O governo ignorou as críticas e o ministro da Justiça, Bekir Bozdag, fez várias nomeações no sistema judicial. “Estes magistrados devem assumir sua responsabilidade moral e renunciar imediatamente”, exigiu o deputado opositor Tanrikulu.

    Na semana passada, o Tribunal Constitucional obrigou o governo a suspender o bloqueio imposto ao Twitter para impedir a divulgação de escutas telefônicas nas redes sociais. Furioso, Erdogan teve que recuar, mas deixou claro que “não respeitava” a sentença do Tribunal Constitucional. O presidente do tribunal, Hasim Kiliç, reagiu com ironia ao afirmar que o primeiro-ministro foi “impulsivo”. Além disso, o Tribunal Constitucional abriu uma conta no Twitter em nome da “liberdade de expressão” e conseguiu quase 25.000 seguidores logo nas primeiras horas de operação. Tudo indica que a disputa entre a principal instância judicial turca e o primeiro-ministro vai continuar, já que o tribunal se pronunciará em breve sobre outra proibição decretada pelo governo, a do portal YouTube.

    (Com agência France-Presse)

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.