Tribunal de Haia condena ex-presidente bósnio-croata
Jadranko Prlic conduziu "limpeza étnica" para remover muçulmanos do território
O ex-presidente bósnio-croata Jadranko Prlic foi condenado a 25 anos de prisão, nesta quarta-feira, por crimes de guerra e contra a humanidade. As atrocidades comandadas por Prlic se deram durante uma “limpeza étnica” que incluiu assassinatos, estupros e a expulsão de muçulmanos da Bósnia durante a dissolução da Iugoslávia na Guerra da Bósnia (1992-1995). O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII), em Haia, também condenou outros cinco acusados, incluindo Slobodan Praljak, ex-ministro-assistente da Defesa croata, a penas de 10 a 20 anos de prisão.
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Os juízes de Haia disseram que a Croácia, que em primeiro de julho vai se tornar a segunda ex-república iugoslava a ingressar na União Europeia, estava envolvida no plano, e que o então presidente Franjo Tudjman acreditava que a limpeza étnica era necessária para criar um “estado puro” que poderia se unir à Croácia.
Lendo o resumo de uma sentença com mais de 2.600 páginas, o juiz-presidente, Jean-Claude Antonetti, disse que assassinatos, estupros e deportações foram cometidos pelas Forças Armadas do auto-proclamado estado de Herceg-Bosna, de etnia croata. “Os crimes não foram atos de alguns soldados indisciplinados”, disse ele. “Foram resultado de um plano para remover permanentemente a população muçulmana de Herceg-Bosna”.
Os seis também foram responsabilizados pela destruição da Ponte Velha de Mostar, da era otomano, cujo bombardeio tornou-se símbolo da devastação causada no conflito da Bósnia entre 1992 e 1995.
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Os croatas da Bósnia e os muçulmanos, apesar de terem se aliado para combater os sérvios da Bósnia durante a maior parte da guerra, também lutaram entre si por meses, entre 1993 e 1994. As autoridades croatas apoiaram militar e politicamente os separatistas croatas da Bósnia, que reivindicavam a inclusão dos territórios que controlavam à Croácia. A república de Bósnia e Herzegovina foi dissolvida pouco antes dos acordos de paz de 1995, e seu território foi integrado à Federação croata-muçulmana, entidade que forma, com a República Srpska (de etnia sérvia), a Bósnia pós-guerra.
(Com agências France-Presse e Reuters)