Combates explodiram em Hodeida, no Iêmen, minutos após a entrada em vigor, à meia noite desta terça-feira 18, de um cessar-fogo acordado entre as forças governamentais e os rebeldes houthis.
Na última quinta-feira 13, representantes das duas frentes do conflito concluíram um acordo na Suécia que previa o cessar imediato das hostilidades na região. Segundo fontes do governo e cidadãos, contudo, combates violentos e ataques aéreos continuaram mesmo depois do horário marcado para o início da trégua.
Moradores de Hodeida reportaram terem presenciado combates esporádicos nas zonas leste e sul da cidade. Uma autoridade das forças pró-governo confirmou troca de tiros e informou que outros combates aconteceram durante a noite, danificando uma fábrica na região leste.
Hodeida é uma importante cidade portuária do país, por onde entra grande parte dos alimentos e da ajuda humanitária para o Iêmen.
Os rebeldes controlam atualmente a cidade e o porto. Tropas da coalizão liderada pelos sauditas, contudo, têm se concentrado nas redondezas. Nos últimos meses, Hodeida também foi alvo de diversos bombardeios da coalizão árabe controlada pela Arábia Saudita.
O cessar-fogo
A trégua aprovada na semana passada foi negociada com a mediação das Nações Unidas na Suécia. O pacto previa a retirada das forças do governo e dos rebeldes da cidade. A intenção é que Hodeida seja controlada pelas forças locais.
O ministro iemenita das Relações Exteriores, Khaled al-Yemani, declarou à rede de televisão oficial do Iêmen que o cessar-fogo entraria em vigor à meia-noite. Os rebeldes houthis não reagiram.
O acordo de trégua é, sem dúvida, o mais importante desde o início da guerra, em 2014, mas sua aplicação exigirá forte pressão internacional, estimam os especialistas.
O conflito
Segundo o Banco Mundial, o conflito que começou em 2014 provocou uma dramática crise econômica, com uma contração do PIB de 50% desde 2015. A guerra também já deixou mais de 60.000 mortos, segundo o projeto Armed Conflict Location and Event Data (ACLED, na sigla em Inglês).
Além de Hodeida, os houthis também mantêm a maior parte dos centros populacionais do Iêmen, incluindo a capital, Sanaa, onde depuseram o governo de Abd-Rabbu Mansour Hadi em 2014. Os rebeldes contam com o apoio do Irã.
Atualmente, a sede do governo está localizada na cidade portuária de Aden, ao sul do país.
Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos lideram a coalizão que apoia as forças governamentais e buscam restaurar o governo de Hadi.
O grupo tem sofrido grande pressão por parte de aliados ocidentais, muitos dos quais fornecem armas e dados de inteligência à aliança, para pôr fim aos quase quatro anos de guerra que já deixou dezenas de milhares de mortos.
(Com AFP)