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Temer autoriza ação das Forças Armadas em Roraima

Governo mobilizará os 3.000 soldados do Primeiro Batalhão de Infantaria de Selva, em Boa Vista, para operações

Por Denise Chrispim Marin
Atualizado em 28 ago 2018, 20h24 - Publicado em 28 ago 2018, 19h44

Diante da escalada de violência em Roraima contra os imigrantes venezuelanos, o presidente Michel Temer assinou hoje decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que autoriza e facilita a ação do Exército no estado. Em Roraima, já estão em ação 151 soldados da Força Nacional de Segurança.

Segundo fontes militares, o decreto permitirá que os 3.000 soldados da Primeira Brigada de Infantaria de Selva, sediada em Boa Vista, seja mobilizada para patrulhas e operações em Roraima. Atualmente, 600 desses militares já estão alocados em Pacaraima, cidade na fronteira com a Venezuela. Sem o decreto, esse contingente não pode entrar em ação mesmo em situações de necessidade.

O governo federal mostra-se especialmente preocupado com a evolução da crise econômica e humanitária na Venezuela, que resultou no êxodo de mais de 2,3 milhões de venezuelanos. Desse total, somente cerca de 60 mil cruzaram a fronteira para o Brasil. A perspectiva, porém, é de aumento desse contingente, mesmo com a rejeição crescente da população local e do governo de Roraima.

“Decretei hoje o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem no estado de Roraima. Naturalmente, para oferecer segurança aos cidadãos brasileiros e aos imigrantes venezuelanos que fogem de seu país em busca de refúgio no Brasil”, afirmou Temer.

Conforme o decreto, as tropas do Primeiro Batalhão de Infantaria de Selva Forças Armadas – chamado de Batalhão Amazonas – deverão se concentrar na faixa de fronteira norte e leste do estado e nas rodovias federais. O ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, poderá definir outras alocações para esses militares.

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Segundo o general Luna, o decreto será válido entre os dias 29 de agosto e 12 de setembro. Ao final do período será avaliada a necessidade de sua prorrogação.

Mesmo com esse efetivo, não foi possível conter a explosão de violência do último dia 18, na cidade fronteiriça de Pacaraima. Venezuelanos tiveram seus acampamentos e pertences queimados e destruídos por brasileiros revoltados com o assalto e a agressão a um comerciante local. O Exército estima que 1.200 venezuelanos, em pânico, cruzaram a fronteira de volta a seu país.

A questão da imigração venezuelana tem gerado uma queda de braço entre a governadora de Roraima, Suely Campos, e o Palácio do Planalto. Em meio à campanha eleitoral, Campos responde ao desconforto popular com a presença dos venezuelanos com tentativas de bloquear a fronteira e de impor restrições ao ingresso.

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O governo federal, ente responsável por definir essa questão, é contrário ao fechamento da fronteira. Hoje, o ministro de Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen, sublinhou que essa medida não será adotada e que o Planalto não cogita a intervenção federal em Roraima.

Roraima tornou-se principal porta de entrada de venezuelanos no Brasil. Nesta semana, com a ajuda da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM), o governo adotou um programa mais intenso para transferir venezuelanos para outras cidades e estados do país.

Ao anunciar o decreto, Temer afirmou que seu governo continuará a atuar com organismos internacionais em prol da mudança do cenário dramático que leva os venezuelanos a fugirem de seu país. O problema da Venezuela, insistiu o presidente, não é mais interno desse país, mas de todo o continente.

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