Washington, 18 dez (EFE).- A capitã Casey Fulton, superior de Bradley Manning no Iraque, testemunhou neste domingo durante o terceiro dia de audiência contra o soldado, acusado de vazar milhares de documentos secretos ao WikiLeaks, e disse que recomendou que fosse suspenso e submetido a uma análise psiquiátrica após agredir um companheiro.
Fulton confessou que enquanto Manning esteve sob seu comando, se preocupava com seu comportamento e recomendou que sua arma fosse retirada, informou a emissora ‘CNN’.
Os advogados do soldado o retrataram como um jovem em luta consigo próprio e estão tentando demonstrar que seus superiores podiam ter evitado a tempo as consequências de sua conduta.
A capitã explicou, além disso, que o acusado foi treinado para obter experiência e conhecimentos de informática para conduzir as redes de documentos secretos do governo.
‘Ele era muito bom na investigação e coleta de dados’, disse Fulton durante a audiência, que acontece em Fort George Meade, em Maryland (Estados Unidos).
Até o momento sete testemunhas descreveram o trabalho de Manning como analista de inteligência em uma base de operações no Iraque, momento no qual supostamente gravou milhares de documentos secretos do Departamento de Estado e do Departamento de Defesa para passar à rede WikiLeaks.
O objetivo desta fase do procedimento é determinar se Manning deve ser julgado pela Justiça comum ou deve se submeter a um conselho de guerra por crimes muito graves, como o de ‘alta traição’, que podem acarretar em pena de morte ou prisão perpétua.
Após a jornada inicial da sexta-feira, na qual a defesa tentou recusar o presidente da audiência por sua suposta parcialidade, o sábado foi dedicado a escutar as primeiras testemunhas e as revelações não demoraram a aparecer.
Manning tinha informado a um superior, o sargento Paul D. Adkins, de seu transtorno de identidade sexual, que afetava sua conduta e sua capacidade para se concentrar, segundo o depoimento de um oficial dos serviços secretos, o capitão Steven Lim.
O soldado, que completou 24 anos no sábado, foi preso após ser acusado pelo hacker Adrian Lambo de ser a ‘garganta profunda’ do WikiLeaks.
No início, Manning ficou preso na Base do Corpo de Infantaria da Marinha em Quantico (Virgínia), onde esteve submetido a isolamento.
Várias organizações internacionais, entre elas a ONU, denunciaram o tratamento dado ao soldado, que chegou a dizer que o obrigavam a dormir nu em sua cela. EFE