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Super Terça: democratas enfrentam maior disputa em prévias nos EUA

Com o magnata Michael Bloomberg pela primeira vez no páreo, pré-candidatos competem em 14 estados e um território americano

Por Amanda Péchy Atualizado em 30 jul 2020, 19h28 - Publicado em 3 mar 2020, 07h00

Após um fevereiro pulverizado com quatro prévias, a disputa entre os pré-candidatos democratas nos Estados Unidos chega a um ponto de inflexão nesta terça-feira, 3. Catorze dos 50 estados americanos e um território irão às urnas para indicar seu favorito no dia conhecido desde 1988 como Super Tuesday. Historicamente, esse conjunto de prévias tem o potencial de definir quem será o adversário de Donald Trump nas eleições americanas de 2020.

Essa fase marca a estreia do magnata das comunicações Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, que estrategicamente havia ficado de fora das quatro prévias anteriores e tem investido pesado em propaganda eleitoral – praticamente, comprando sua onipresença com 410 milhões de dólares em propagandas no país inteiro. A entrada de um competidor, porém, coincide com a saída de outros: desde a última prévia de sábado 29 na Carolina do Sul, o discreto Tom Steyer, o ex-queridinho Pete Buttigiege e a acessível Amy Klobuchar desistiram de suas campanhas. Agora, apenas cinco democratas permanecem na corrida que, a cada dia, está mais acirrada.

Para valer, nesta Super Terça, competem o senador Bernie Sanders, até agora o favorito, o ex-presidente americano Joe Biden, a senadora Elizabeth Wareen, Bloomberg e a deputada Tulsi Gabbard. A expectativa é que mais concorrentes abandonem a disputa a partir de quarta-4.

Embora outras eleições prévias sejam consideradas importantes – como os caucus de Iowa, primeiro estado a indicar suas preferências, e a primária de Carolina do Sul, representativa do apoio de eleitores negros –, a Super Tuesday tem o hábito de transformar pré-candidatos em candidatos completos. De Bill Clinton a Barack Obama, as sete últimas super terças consagraram seu vencedor como o concorrente oficial de ambos os partidos, o Democrata e o Republicano. 

Diferente de outras votações, esta terça representa de forma mais completa a diversidade racial, social e cultural da base democrata (Iowa e New Hampshire, por exemplo, têm eleitores bastante homogêneos e majoritariamente brancos). Se um democrata construir uma vantagem significativa em número de delegados, pode ser extremamente difícil para demais candidatos o superarem nos três meses que ainda restam até a Convenção do partido, em julho. O favorito, por enquanto, é o Bernie Sanders. 

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O autoproclamado socialista democrata, com propostas progressivas como a criação de um sistema público de saúde e faculdades gratuitas, destacou-se em todas as primárias. Em Iowa, empatou em primeiro lugar com o desistente Buttigiege, com 25% dos votos. Em New Hampshire, venceu com 26%. Depois, ganhou em Nevada, com 47%. Só perdeu na Carolina do Sul, onde ficou em segundo lugar, com 20% dos votos, atrás apenas de Joe Biden, que recebeu 48%. 

Sanders, porém, é a menina dos olhos de dois dos estados onde há mais delegados para a Convenção Democrata: a Califórnia e o Texas. Segundo o portal Real Clear Politics, no primeiro, ele tem 17 pontos de vantagem sobre Biden. No segundo, cinco pontos. Como os concorrentes desta Super Tuesday são fortes – exceto Gabbard -, dificilmente um deles conseguirá mais de 35% dos votos em qualquer estado. O cenário posterior deverá ser de impasse.

“É grande a probabilidade de que nenhum candidato tenha os 1.991 delegados necessários para conquistar a indicação presidencial do partido quando a Convenção Democrática se reunir, o que abre a possibilidade da primeira convenção intermediada desde a década de 1950”, diz Thomas Whalen, professor de Ciências Sociais da Universidade de Boston. A intermediação, no caso, é uma grande negociação entre os delegados sobre qual deve ser o escolhido.

Até que o vencedor seja consagrado na convenção de  julho, os democratas ainda terão de ser escrutinados nos outros 32 estados americanos. A tendência é de os menos preparados, em termos de financiamento e de apoio popular, desistirem no meio do caminho – a exemplo dos outros 23 que já jogaram a toalha.

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O efeito Bloomberg

O cenário torna-se mais incerto com a entrada de Michael Bloomberg e a saída dos outros três democrata desde sábado. Enquanto o magnata entra para fazer frente a Biden como uma figura moderada, Buttigiege e Klobuchar já declararam apoio ao ex-vice de Barack Obama.  Ambos fizeram o mesmo apelo à moderação: pediram aos eleitores que votassem pelo caminho do meio, por um país mais unido e menos polarizado. Ou seja, anti-Sanders e anti-Warren.

“Biden está ressurgindo. Se tudo der certo para ele nesta Super Tuesday, e Bloomberg vacilar, pode ficar pau-a-pau com Sanders na corrida eleitoral”, diz Robert Shapiro, professor de Ciência Política da Universidade de Columbia. Para o especialista, muito mais que decisivas, estas prévias servirão de termômetro da força dos principais candidatos, Sanders e Biden, além de testar a viabilidade da campanha da Bloomberg.

Os 14 estados e o território de Samoa Americana onde os eleitores irão às urnas se tornaram o campo de batalha entre a ala moderada  – representada por Bloomberg, Biden e a incógnita da deputada havaiana Tulsi Gabbard – e a mais à esquerda da legenda – o incendiário Sanders e a apagada Warren, que não tem se destacado nas prévias. Tudo depende da migração dos votos dos candidatos desistentes, em busca da melhor escolha para tirar o atual presidente da Casa Branca.

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“Embora existam pessoas extremamente entusiasmadas com Sanders, não está claro se esse sentimento é suficiente para fazê-lo uma estrela geral. Pode ser que se empolguem mais com Biden se acreditarem que há mais chance de ele vencer Trump”, especula Yanna Krupnikov, professora de comportamento político da Universidade de Stony Brook. Mas seja qual for o resultado, nesta terça-feira fora do comum  será desenhado com mais nitidez o futuro do Partido Democrata nas eleições de 2020.

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