‘Subcultura jihadista’ seduz jovens e engrossa fileiras do terror do Estado Islâmico
Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha pede que jovens sejam afastados de ideologias assassinas. 'Jihadista hipster' do Egito vira símbolo da insanidade
Por Da Redação
24 ago 2014, 09h32
Subcultura é um novo termo usado para identificar o velho fenômeno das tribos jovens. Na Grã-Bretanha, cresce o número de jovens que estão sendo atraídos pelo terror e a barbárie a ponto de incorporar-se às fileiras do grupo Estado Islâmico (EI). Eles têm sido seduzidos pela chamada ‘subcultura jihadista’, motivo de preocupação que ganhou relevância nesta semana, depois que os terroristas divulgaram um vídeo mostrando a decapitação do jornalista americano James Foley. O carrasco falava com sotaque britânico, o que levou a uma mobilização da inteligência do país para identificá-lo.
Um líder muçulmano britânico pediu que a subcultura jihadista seja combatida, para que os jovens não sejam influenciados por ideologias radicais assassinas. “Combater a subcultura desse ‘jihadismo-cool’ – como eles chamam na mídia – dentro das margens da sociedade é o verdadeiro desafio”, disse Iqbal Sacranie, conselheiro do Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha, à BBC Radio. “Este é um problema que afeta a todos nós e só vai ser tratado de forma mais eficaz se todos trabalharmos juntos nisso”, completou.
O jihadista que aparece com o rosto coberto na gravação da decapitação nasceu em Londres e é conhecido como “John”, segundo informações divulgadas na quarta-feira pela imprensa britânica. Ele atua com outros dois britânicos (“Paul” e “Ringo”) encarregados das vítimas, informou o jornal The Guardian. O trio foi apelidado de “Os Beatles” por reféns.
‘Jihadista hipster’ – Os jihadistas do EI também parecem ser mais conectados que os de outros grupos extremistas islâmicos. Eles mantêm um grupo de comunicação que conta com uma página na internet, uma revista em inglês e perfis em redes sociais. Recentemente, um dos terroristas do EI foi reconhecido em uma foto postada pelo grupo no Twitter. O egípcio Islam Yaken, que foi educado em um liceu francês de um rico subúrbio do Cairo e cursou faculdade de direito, aparece na imagem com cabelos encaracolados e óculos de aro preto. Yaken foi fotografado em um cavalo e segurando uma cimitarra.
Seu visual descolado, de um jovem cosmopolita, contrasta com o estereótipo de terroristas hirsutos e mal-encarados. Ele foi apelidado nas redes sociais de “jihadista hipster” e se tornou o símbolo do poder de sedução do terror entre os jovens muçulmanos. Yaken, que antes usava as redes sociais para exibir os músculos ganhos na academia, agora dedica seu perfil no Twitter a glorificar o califado de Abu Bakr Al-Baghdadi, o terrorista internacionalmente procurado que lidera o Estado Islâmico, e para postar fotos sangrentas, incluindo uma de duas cabeças humanas em uma cesta.
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O jornal britânico Daily Telegraph também relatou nesta semana a história de uma jihadista de Lewisham, no sudeste de Londres, que celebrou a decapitação do jornalista e expressou sua vontade de comandar uma execução semelhante. Khadijah Dare, de 22 anos de idade, mudou-se para a Síria em 2012 com o marido Abu Bakr, um sueco que é membro do EI. Uma foto que ela publicou nas redes sociais recentemente já havia chocado, ao mostrar seu bebê posando com um AK47. Ela também apela para que outras jovens londrinas unam-se a ela na Síria. Acredita-se que tenha se convertido ao Islã durante a adolescência.
Perigo na Europa – Ghaffar Hussain, diretor-gerente da Quilliam Foundation, que atua contra o extremismo religioso, disse que é “quase inevitável” que os jihadistas europeus atuando Síria voltem para planejar ataques terroristas na Europa. “É preocupante que as pessoas nascidas e criadas na Grã-Bretanha, que foram para a mesma escola que nós, podem ter sido doutrinadas a ponto de justificarem o estupro de mulheres e decapitações”, disse à agência de notícias Reuters.
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Quatro muçulmanos britânicos – dois dos quais tinham passado um período em campos de treinamento da Al Qaeda no Paquistão – mataram 52 pessoas em ataques suicidas no metrô e em um ônibus de Londres, em julho de 2005.
No final de junho, o EI proclamou um califado em parte do território do Iraque e da Síria sob seu controle. Em suas fileiras lutam cerca de 12.000 combatentes estrangeiros, apontam especialistas. A maioria dos jihadistas estrangeiros que foram para a Síria e Iraque nestes três anos e meio de conflito são oriundos, principalmente, da Tunísia, Arábia Saudita e Marrocos, mas também de países ocidentais como Grã-Bretanha, Austrália e França e outros.
Em sua estratégia de expansão, o EI usa como arma de propaganda a barbárie, por meio de decaptações, crucificações e execuções sumárias. Com isso, aterroriza os inimigos e garante a obediência das populações das cidades conquistadas e atrai desajustados como Yaken e radicais sunitas, recém-convertidos ou não, de todas as nacionalidades.
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