Os Estados Unidos aprovaram nesta quarta-feira, 19, uma venda de mísseis à Turquia no valor de 3,5 bilhões de dólares. O negócio foi fechado meses depois de Washington ter expressado sua indignação com uma compra de armas russas por Ancara.
O Departamento de Estado fez o anúncio, que inclui 80 mísseis guiados Patriot, poucas horas depois de o presidente americano, Donald Trump, ter afirmado que os Estados Unidos vão retirar suas tropas da Síria. Turquia e Estados Unidos vivem um período de atrito desde que o presidente turco, Recep Erdogan, acusou Trump de ser conivente com a Arábia Saudita no caso do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em outubro.
“A venda proposta aumentará as capacidades defensivas das forças militares da Turquia para se proteger de agressões hostis e proteger os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que poderiam treinar e operar dentro das fronteiras da Turquia”, mencionou o Departamento de Estado por meio de comunicado.
O Congresso dos Estados Unidos ainda pode se opor a essa decisão. Mas trata-se de uma “alternativa” ao sistema russo antimísseis S-400, que Ancara queria comprar, apesar das advertências dos Estados Unidos, segundo um porta-voz do Departamento de Estado.
A mesma fonte admitiu que o governo americano fez “uma advertência clara à Turquia que a potencial compra do sistema S-400 poderia colocar em perigo” a venda de aviões de combate F-35 americanos para Ancara e expor o governo turco a sanções de Washington.
Há um ano, Ancara anunciou um acordo para comprar mísseis S-400 da Rússia, adversário histórico dos Estados Unidos no mercado de armas sofisticadas, provocando a repreensão por parte de seus aliados na Otan, grupo originalmente formado como um baluarte contra uma possível ameaça da extinta União Soviética.
Uma compra de Ancara da Rússia “teria sérias consequências para a capacidade dos Estados Unidos de fazer negócios com a Turquia em todo o espectro do comércio de defesa”, disse o diplomata. “É importante que os países-membros da Otan adquiram equipamento militar que seja interoperável com os sistemas da Otan. Um sistema russo não atenderia a esse padrão”, destacou.