Jerusalém, 4 dez (EFE).- O soldado israelense Gilad Shalit, libertado em outubro após ser trocado por mais de 1 mil presos palestinos, fez greve de fome no fim de seu cativeiro para pressionar o Hamas, informa neste domingo o jornal ‘Yedioth Ahronoth’.
A fonte publicou em suas duas primeiras páginas um artigo com detalhes até o momento desconhecidos sobre os mais de cinco anos em que Shalit permaneceu retido em Gaza em poder do Hamas. No cativeiro, o israelense foi regularmente alimentado e não foi maltratado.
Por causa da greve de fome, o soldado atingiu tal ponto de desnutrição que vários dirigentes do Hamas temeram pela sua vida, o que acelerou o acordo com Israel para sua libertação.
‘Nós consideramos que o grave risco de morte que Shalit corria foi um dos motivos que levou o Hamas a assinar o acordo’, indica uma fonte dos serviços de inteligência israelenses.
A morte de Shalit rebaixaria seu preço, o que aplacou a recusa de Ahmed Jabari, líder do Hamas, aos termos de um acordo que a direção política do movimento islâmico o pressionava a aceitar.
Outro detalhe interessante que consta na reportagem é o rigor e a organização que o Hamas demonstrou no assunto. Shalit era protegido por quatro membros do movimento islâmico vindos do exterior unicamente para essa missão e que desde 2006 nunca saíram da casa ou foram substituídos, para evitar que deixassem pistas sobre o paradeiro do soldado.
Shalit passou a maior parte do tempo em um cativeiro no subsolo escuro de um prédio. Durante o dia, recebia um pouco de luz pelas janelas cobertas com tábuas e conseguia ouvir e ver em algumas ocasiões os noticiários de rádio e televisão em árabe.
O Hamas não permitiu a entrada de nenhum outro equipamento eletrônico por temer que o Exército israelense, um dos mais tecnologicamente preparados do mundo, os utilizasse para descobrir o paradeiro de Shalit.
Até o próprio dia da libertação, o Hamas demonstrou enorme disciplina e eficácia para esconder o soldado e evitar uma operação relâmpago de resgate.
Durante o cativeiro, imaginava-se que Shalit havia sido ferido na captura, uma operação conjunta em junho de 2006 de três milícias palestinas, que entraram em Israel por Gaza por meio de um túnel. Shalit, no entanto, foi ferido por estilhaços durante o ataque (no qual os milicianos abriram fogo intenso contra um tanque que acabou em chamas) e se recuperou pouco depois.
Desde a captura, os serviços de inteligência israelenses se empenharam para localizar o paradeiro do soldado. Israel tentou localizar a casa onde Shalit estava e planejou uma operação de resgate, mas descobriu pouco antes que as fontes dos dados eram Irã e o Hamas.
A casa estava vazia e cheia de explosivos e o plano consistia em explodi-la com a unidade de resgate israelense em seu interior. EFE