Sexta-feira é marcada por protestos no Egito, Iêmen e Síria
Segundo ativistas, oito pessoas foram mortas por forças de segurança sírias

A sexta-feira foi marcada por protestos, agitações e mortes de manifestantes em pelo menos três países atingidos pela onda de revoltas, que ficou conhecida como primavera árabe. Egito, Iêmen e Síria assistem a uma intensificação das mobilizações no dia em que milhares de muçulmanos estão reunidos para fazer suas orações. Oito pessoas foram mortas pelas forças de segurança sírias, que tentavam dispersar as manifestações contra o regime de Bashar Assad, informou bdel Karim Rihaui, chefe da Liga Síria dos Direitos Humanos.
Só na cidade de Hama, no norte do país, mais de 450.000 pessoas saíram às ruas. “Pessoas desfilam pela praça Al Asi declarando sua oposição ao regime e pedindo a queda de Assad”, disse o chefe do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman. Outras 6.000 pessoas se manifestam em Kan Safra, uma localidade vizinha, apesar da presença maciça do exército.
Egito – No Cairo, milhares de pessoas se reuniram na praça Tahir, epicentro da revolução no Egito, para exigir mais rapidez nas reformas e nos processos contra autoridades do regime do ex-ditador Hosni Mubarak, acusadas de corrupção e assassinatos. A maioria dos grupos políticos, incluindo a Irmandade Muçulmana, organização fundamentalista mais forte do país, apoia as exigências. A manifestação deve ser uma das maiores desde a queda de Mubarak.
“A revolução continua e não chegará ao fim até que os assassinos e corruptos sejam julgados”, lia-se em uma faixa na Praça Tahir. Mais de 840 pessoas morreram nos 18 dias que levaram à derrubada de Mubarak em 11 de fevereiro, após a polícia usar balas de borracha, munição, gás lacrimogêneo e cassetetes contra os manifestantes.
Iêmen – Já nas ruas do Iêmen, a agitação se deve ao reaparecimento do ditador Ali Abdullah Saleh, que não era visto desde um ataque ao Palácio Presidencial, em 3 de junho. Milhares de iemenitas organizaram uma oração pelo presidente na capital Sanaa, enquanto os opositores se manifestaram.
Na Praça Saabin, no sul de Sanaa, um imã rezou: “Que Deus cure o presidente e o faça sair vitorioso dessa provação”. Ele referia-se à revolta popular iniciada em janeiro contra Saleh. “O povo gosta de Ali Abddulah Saleh”, gritou a multidão durante uma passeata após a oração, exibindo cartazes do presidente. Ao mesmo tempo, os opositores de Saleh, que desde janeiro pedem sua renúncia, se manifestaram também em Taiz, sul do país.
Reaparecimento – Com o rosto queimado e o corpo coberto de ataduras, Saleh fez, na última quinta-feira, sua primeira aparição na TV pública do país desde o atentado. Em seu pronunciamento de poucos minutos, ele pediu pelo diálogo, mas não fez menção alguma a um possível retorno ao Iêmen. Desde o ataque, o presidente encontra-se internado em um hospital na Arábia Saudita. Saleh, de 69 anos, ficou quase irreconhecível, após ter sido submetido, com êxito, a oito operações cirúrgicas por causa das queimaduras.
(Com agências Reuters e France-Presse)