Senado investigará CIA por causa de filme sobre Bin Laden
Cenas de tortura em 'A Hora Mais Escura' levaram Comissão de Inteligência a querer saber a quais documentos diretora e roteirista tiveram acesso
A Comissão de Inteligência do Senado dos Estados Unidos abriu uma investigação sobre o suposto uso de tortura pela CIA com base em cenas do filme A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty), que retrata a caçada ao ex-líder da Al Qaeda Osama bin Laden, morto em 2011.
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Com estreia marcada para 18 de janeiro no Brasil, o filme foi escrito a partir de informações autênticas da agência de inteligência americana, conforme seus realizadores, e apresenta a tortura como um importante elemento para a descoberta da identidade de um mensageiro de Bin Laden que se tornou crucial para a descoberta do esconderijo do terrorista – o que o governo dos EUA não reconhece.
Integrantes da comissão pretendem interrogar pessoal da CIA sobre quais informações foram fornecidas aos responsáveis pela produção. Os senadores Dianne Feinstein, Carl Levin e John McCain qualificaram de “inexato e enganoso” o filme e anunciaram em comunicado nesta quinta-feira que irão averiguar se a diretora Kathryn Bigelow e o roteirista Mark Boal tiveram acesso “inadequado” a dados confidenciais.
“O filme implica claramente que as técnicas de interrogação coercitiva da CIA foram efetivas para extrair informações importantes relacionadas a um ‘mensageiro’ de Osama bin Laden. Revisamos os documentos da CIA e sabemos que isso é incorreto”, assinala o o comunicado da Comissão de Inteligência do Senado.
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“Não se pode responsabilizar a CIA pela forma como a agência e suas atividades ficam refletidas no filme. Mesmo assim estamos preocupados, dada a cooperação da CIA com os responsáveis pelo filme e a consistência de sua narrativa com declarações públicas equivocadas feitas no passado por alguns ex-funcionários da agência”, afirmararam os congressistas.
Os senadores da Comissão de Inteligência exigem obter “todas as informações e os documentos proporcionados aos responsáveis pelo filme por funcionários da CIA”. Uma fonte da agência que pediu anonimato disse à rede CNN que o pedido deverá ser atentido.
Dramatização – O diretor interino da CIA, Michael Morell, tratou de distanciar a agência do filme em carta enviada aos senadores há duas semanas. “O que quero que saibam é que A Hora Mais Escura é uma dramatização, não um relato realista dos fatos”, escreveu Morell, antes de ressaltar que a CIA colaborou com os responsáveis pelo filme, mas “não controla o produto final”.
No entanto, Morell admitiu que “parte (das informações) veio de detidos sujeitos a técnicas coercitivas”, como o afogamento simulado (waterboarding), “mas houve muitas outras fontes”. Além disso, ele ressaltou que “nunca poderá saber” se esses métodos, agora proibidos, eram “a única forma apropriada e eficaz” de obter informações sobre Bin Laden na época.
(Com agência EFE)