Seguindo EUA, Guatemala inaugura embaixada em Jerusalém
Presidente guatemalteco diz ser Israel uma "chama de esperança"; soldados israelenses mataram 60 palestinos nos últimos dois dias
A Guatemala inaugurou sua embaixada em Jerusalém nesta quarta-feira, dois dias depois de os Estados Unidos terem transferido sua própria representação diplomática para a cidade. A decisão americana enfureceu os palestinos e provocou condenação internacional.
Tropas israelenses mataram 60 manifestantes palestinos na Faixa de Gaza, na segunda-feira, quando a abertura da embaixada americana elevou a tensão das manifestações anti-Israel.
O presidente da Guatemala, Jimmy Morales, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, compareceram à inauguração da nova sede nesta quarta-feira. “Não é uma coincidência que a Guatemala esteja abrindo sua embaixada em Jerusalém logo entre as primeiras. Vocês sempre estiveram entre os primeiros. Vocês foram o segundo país a reconhecer Israel”, disse Netanyahu na cerimônia, referindo-se à fundação de seu país em 1948.
“Há 70 anos, decidimos apoiar e ser amigos de Israel, e estamos demonstrando isso de novo hoje”, ressaltou Morales. Ele expressou sua admiração pelo país e exaltou o vínculo entre Guatemala, Israel e Estados Unidos. “São três amigos que demonstram sua amizade, coragem e lealdade”, disse.
A decisão de Morales é criticada em sua terra natal, onde é vista como uma promessa paga aos Estados Unidos. Também tem sido relacionada pelos guatemaltecos à religião do presidente, que é evangélico.
Os evangélicos, como o vice-presidente americano Mike Pence, teriam influenciado a decisão do presidente Donald Trump de reconhecer Jerusalém como a capital israelense. Segundo suas crenças, a reconstrução do templo judeu em Jerusalém deve facilitar o retorno de Cristo.
Confrontos e condenação internacional
Netanyahu esperava que vários países seguissem o exemplo americano. No entanto, apenas a Guatemala e o Paraguai demonstraram apoio. Assunção deve transferir sua representação diplomática de Tel Aviv para Jerusalém até o fim deste mês.
A determinação de Trump reverteu a linha da política externa dos Estados Unidos seguida por décadas, contrariando o mundo árabe e os aliados ocidentais. O status de Jerusalém é um dos maiores obstáculos para um acordo de paz entre Israel e os palestinos, que desejam ter como capital Jerusalém Oriental, capturada pelo Estado judeu na Guerra dos Seis Dias de 1967.
Israel vê toda a cidade como sua capital. O governo Trump disse que as fronteiras definitivas da metrópole devem ser decididas pelas duas partes.
A comunidade internacional não reconhece a soberania israelense sobre a totalidade do território e afirma que seu status final deve ser determinado em negociações de paz.
No dia em que Washington abriu sua embaixada em Jerusalém, soldados de Israel mataram 60 palestinos que protestavam em Gaza. Esse foi o dia mais mortífero no enclave comandado pelo grupo islâmico Hamas desde o conflito de 2014.
Líderes palestinos dizem que, ao mudar sua embaixada, os Estados Unidos criaram incitamento e instabilidade na região e abdicaram de seu papel como mediadores da paz.
(Com AFP e Reuters)