Sarkozy diz que castigará consulta a sites terroristas
Presidente anunciou medidas para reprimir 'estímulo do ódio e violência'
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou nesta quinta-feira uma reforma legislativa que punirá os que visitam sites de apologia ao terrorismo e à violência e os indivíduos que viajam para outros países com o objetivo de doutrinarem-se nesse tipo de ideologia. O anúncio foi feito logo após a operação policial que matou o assassino confesso de sete pessoas em Toulouse e Montauban nesta quinta.
“Vamos reprimir a propagação de ideologias extremistas com crime previsto no Código Penal”, afirmou Sarkozy em uma declaração a partir do Palácio do Eliseu sobre a operação policial. O chefe do Estado defendeu a ação na qual, segundo ele, foi feito todo o possível para que o assassino Mohammed Merah, um jovem francês de origem argelina de 23 anos, respondesse na Justiça pelos seus crimes. Ele é acusado de matar sete pessoas nos últimos 15 dias: três crianças e um adulto em uma escola judaica de Toulouse e três soldados franceses.
Sarkozy também anunciou medidas para reprimir a “apologia do terrorismo” ou o “estímulo do ódio e da violência” na internet, em viagens ao exterior ou nas prisões. “Esses delitos serão punidos penalmente. A partir de agora, qualquer pessoa que consultar páginas na internet que convocam a violência será castigada penalmente”, disse o presidente em discurso na televisão. “Com o primeiro-ministro (François Fillon), pedi ao ministro da Justiça que realize uma reflexão profunda sobre a propagação destas ideologias no âmbito carcerário”, acrescentou.
O procurador François Molins revelou que Merah foi condenado 15 vezes por diversos crimes quando era menor de idade e já tinha um “perfil violento e problemas de comportamento”. Ele também confirmou duas viagens ao Afeganistão e Paquistão de Merah, que apresentava “um perfil de autorradicalização salafista atípico”. “Foi ao Afeganistão sem passar pelos canais conhecidos, por seus próprios meios”, disse.
A morte de Mohamed Merah frustra as esperanças das autoridades francesas de capturá-lo vivo e levá-lo à justiça, mas suas conexões continuarão a ser investigadas, em um momento de grande controvérsia na França sobre a vigilância das redes islamitas por parte dos serviços de inteligência, já que estes sabiam que Merah havia passado por Afeganistão e Paquistão.
Operação – O islamita Mohamed Merah, que reivindicou a autoria de sete assassinatos, morreu nesta quinta-feira em um intenso tiroteio com as forças especiais da polícia francesa, que o mantinham encurralado há 32 horas em Toulouse, sudoeste da França. Merah, francês de origem argelina, de 23 anos, morreu ao saltar pela varanda do apartamento, no bairro de Côté Pavée, segundo uma fonte policial. “Os membros da Raid (unidade de elite da polícia francesa) o mataram quando tentava fugir pela varanda do primeiro andar do edifício. Quando caiu no chão, estava morto”, disse uma fonte policial.
Molins disse nesta quinta que Merah foi morto com um tiro na cabeça disparado pelo policiais – que, segundo ele, agiram em legítima defesa quando o suspeito pulou da janela disparando contra eles. O procurador disse ainda que a demora em atacar o assassino aconteceu devido ao cuidado para tentar capturá-lo vivo e entregá-lo à Justiça. De acordo com ele, cinco policiais ficaram feridos na operação, que durou cinco minutos, um deles em estado grave. Trezentos cartuchos foram disparados dos dois lados, segundo fontes policiais.
(Com agências EFE e France-Presse)