Sarah Palin: a 2 anos da eleição, já de olho na Casa Branca
A ex-governadora faz discurso em Iowa - e dá pontapé inicial na pré-campanha
Subir no palanque para marcar uma posição com vistas a uma eleição que só acontece daqui a dois anos pode parecer estranho. Nos EUA, porém, isso faz algum sentido
Figura mais polêmica da última eleição presidencial americana, Sarah Palin dá o pontapé inicial na campanha eleitoral de 2012 já nesta sexta-feira, num jantar com cara de comício no estado de Iowa – não por coincidência, o primeiro a realizar primárias partidárias nos Estados Unidos. Palin deverá ser a grande estrela desta pré-campanha – e seu sucesso ou fracasso determinará os rumos da sucessão de Barack Obama.
Uma das principais lideranças do movimento que ficou conhecido como Tea Party, grande fenômeno deste ano de eleições legislativas nos EUA, Palin deverá aproveitar o evento desta sexta para apresentar seu nome como possível candidata à Casa Branca. Que ninguém espere uma declaração formal de que ela é candidata, mas o discurso não deverá deixar dúvidas das pretensões da ex-governadora do Alasca para 2012.
Subir no palanque para marcar uma posição com vistas a uma eleição que só acontece daqui a dois anos pode parecer estranho. No sistema eleitoral americano, porém, faz algum sentido. Em primeiro lugar, porque Palin quer se consolidar como o rosto que simboliza uma tendência de renovação no Partido Republicano a poucas semanas das disputas legislativas de novembro. Em segundo, porque a pré-campanha à Casa Branca está mais próxima do que muitos imaginam.
As primárias que decidirão os candidatos democrata e republicano têm início em janeiro de 2012, mas os pré-candidatos costumam anunciar que estão na briga alguns meses antes – portanto, em meados do ano que vem. Sarah Palin pretende entrar em 2011 como um dos nomes mais fortes de seu partido na corrida até a Casa Branca – e, para conseguir isso, tomar a dianteira na nova safra de líderes republicanos é fundamental.
Obama de 2012? – A estratégia costurada por Palin antes do discurso desta sexta-feira levou o colunista Robert Schmuhl, da rede MSNBC, a compará-la com o papel vivido por Barack Obama na última eleição. Palin e o atual presidente, é claro, estão em cantos opostos da política americana. Mas é inevitável notar que, em alguns aspectos, Palin está para a eleição de 2012 como Obama estava para a de 2008.
Com forte apelo no eleitorado mais tradicional de seu partido, imagem que chama atenção na TV e um discurso feito sob medida para colher os votos dos insatisfeitos, Palin pode repetir Obama à medida em que se encaminha para mergulhar nas primárias como grande novidade do cenário eleitoral. Resta saber se conseguirá reeditar o fenômeno democrata, traduzindo o desejo de mudança de parte do eleitorado em prestígio político – e, mais importante ainda, em milhões de votos.