Saleh é internado na Arábia Saudita e vice assume o poder
Ditador está com estilhaços perto do coração, disseram fontes próximas a ele
O vice iemenita, Abed Rabbo Mansour Hadi, assumiu as responsabilidades de Ali Abdullah Saleh como presidente, revelou à rede CNN neste sábado o porta-voz do governo Abdu Ganadi. De acordo com os principais veículos de comunicação árabes, Al Jazira e Al Arabiya, o governante de longa data chegou a Riad, capital da Arábia Saudita, em torno da meia-noite de sábado, um dia após ter sido ferido em ataque a uma mesquita em seu palácio que deixou 11 mortos e 24 feridos. A notícia, no entanto, não foi confirmada por fontes oficiais e traz controvérsias. Segundo um aliado de Saleh, Soltan al-Barakani, o presidente continua em Sanaa e não necessita de cuidados estrangeiros.
Em meio às incertezas sobre sua localização, “fontes próximas” ao presidente do Iêmen informaram à rede BBC neste sábado que ele está com estilhaços perto do coração e queimaduras de segundo grau no peito e no rosto. Um pedaço de estilhaço teria quase 7,6 centímetros de comprimento. As fontes acrescentaram, segundo a emissora, que não está claro se o presidente precisará passar por uma cirurgia. Em um pronunciamento de áudio divulgado na sexta-feira, Saleh disse ter sofrido ferimentos leves e culpou uma “gangue de bandidos” pelo ataque. Ele não apareceu em público, o que provocou especulações sobre a extensão dos seus ferimentos.
Já o primeiro-ministro do Iêmen, Ali Mohamed Mujawar, foi transferido neste sábado para um hospital da Arábia Saudita, entre outras autoridades, como o presidente da Câmara dos Deputados, Yahia al-Rai, o presidente do Conselho Consultivo, Abdel Aziz Abdel Ghani, e os vice-premieres Sadek Amin Abu Ras e Rashed Mohamed al Alimi. De acordo com fontes do governo, a transferência foi motivada pelo fato dos hospitais sauditas serem mais bem equipados que os do Iêmen.
Ataques – O presidente Saleh acusou os “filhos de Al Ahmar” de responsabilidade pelo ataque, em referência ao xeque Sadek al Ahmar e seus seguidores da influente tribo dos Hashed. Como resposta, as tropas leais a Saleh bombardearam na sexta-feira a residência do xeque Hamid al-Ahmar, irmão de Sadek, cujos seguidores enfrentam o Exército há vários dias em batalhas violentas. As potências mundiais vêm pressionando Saleh a assinar um acordo mediado por países do Golfo para pôr fim a seus 33 anos de governo. Deixar o Iêmen, mesmo que para se submeter a tratamento médico, pode fazer com que seja difícil para Saleh reter o poder.
(Com agências Reuters e France-Presse)