A Rússia anunciou nesta segunda-feira, 31, que seus serviços de segurança prenderam um americano em Moscou acusado de espionagem. A embaixada dos Estados Unidos na cidade já solicitou acesso consular ao cidadão.
Segundo a FSB, a agência de inteligência russa, o americano foi preso em 28 de dezembro “enquanto realizava um ato de espionagem”. Em comunicado, o homem foi identificado em russo, usando um nome que, traduzido, seria Paul Whelan.
Um processo criminal foi aberto, informou a FSB, nos termos do artigo 276 do Código Penal russo, que permite sentenças de prisão de até 20 anos.
A porta-voz da embaixada dos Estados Unidos em Moscou, Andrea Kalan, reconheceu que o Ministério de Relações Exteriores da Rússia informou à embaixada sobre a detenção de Whelan.
“Em virtude da Convenção de Viena, a Rússia é obrigada a oferecer acesso consular. Solicitamos tal acesso e esperamos que as autoridades nos concedam”, declarou Kalan, aos veículos de imprensa locais.
Nos últimos meses, a FSB denunciou um aumento das atividades de espionagem de outros países em território russo em resposta a acusações similares feitas pelo Ocidente, especialmente contra o Serviço de Inteligência Militar russo, GRU.
Após denúncias similares por parte de vários países ocidentais, principalmente dos Estados Unidos, Moscou denunciou por sua vez várias tentativas de interferir nas eleições presidenciais de março nas quais o presidente russo, Vladimir Putin, foi reeleito para um último mandato.
Em meados de dezembro, na entrevista coletiva anual, Putin negou que Moscou vá realizar represálias contra Washington segundo o princípio de “olho por olho, dente por dente” pela detenção de cidadãos russos nos Estados Unidos sob acusações de espionagem.
Putin, que afirmou que em tal terreno é preciso ser “muito cuidadoso”, negou que a Rússia vá “capturar pessoas inocentes só para trocá-las por alguém”.
Além disso, criticou o processo aberto nos Estados Unidos contra a cidadã russa Maria Butina por conspirar contra o Estado e desmentiu sua confissão de que trabalhava para o Kremlin.
Putin também afirmou que o caso do envenenamento do antigo espião russo Sergei Skripal e de sua filha Yulia em território britânico com uma substância tóxica de fabricação russa foi uma montagem para ter um motivo de sancionar e conter a Rússia.
Em sua felicitação natalina ao presidente Donald Trump, Putin garantiu que a Rússia está aberta ao diálogo apesar dos desencontros das últimas semanas.
“Putin ressaltou que as relações russo-americanas são um importantíssimo fator de estabilidade estratégica e segurança internacional”, afirma a carta publicada pelo Kremlin.
As relações entre Moscou e Washington se deterioraram desde que Moscou anexou a Crimeia em 2014. Desde então, os Estados Unidos e outros países ocidentais impuseram uma ampla gama de sanções contra autoridades, empresas e bancos russos.
(Com AFP, Reuters e EFE)