A Rússia entregou 30 toneladas de combustível para abastecer a primeira usina nuclear do Irã, que fica na cidade portuária de Bushehr, informou nesta quarta-feira a a televisão Al-Alam. O porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã, Hamid Qaemi, disse à rede que o material foi enviado nos dias 4, 8 e 11 de maio. Não foram divulgadas outras informações sobre o desembarque. Na véspera, a agência nuclear russa, a Atomstroyexport, realizou com sucesso um teste em Bushehr, que deve começar a fornecer energia em até 60 dias.
“Em 2008, Moscou já havia entregado outras 82 toneladas de combustível enriquecido de 1,6% para 3,6%, juntamente com equipamento suplementar para a usina nuclear de Bushehr”, acrescentou Qaemi.
A construção da usina teve início na década de 1970 com a ajuda da companhia alemã Siemens. A empresa abandonou a empreitada após a Revolução Islâmica de 1979. No início da década de 1990, o Irã voltou a buscar a ajuda da Siemens, que rejeitou o projeto alegando temores sobre a proliferação nuclear.
Em 1994, a Rússia concordou em concluir a usina e fornecer a matéria-prima necessária. Mas o acordo, assinado em 1995, estipulou a condição de que o Irã devolvesse a Moscou o combustível nuclear utilizado, como garantia de que ele não fosse usado para outros fins.
Histórico – A discussão sobre as intenções do Irã com a energia nuclear já é antiga. Em junho de 2010, o Conselho de Segurança da ONU aprovou sanções contra a República Islâmica, pela quarta vez desde 2006, para tentar convencer Teerã a suspender suas atividades nucleares sensíveis. O Brasil votou contra a medida.
Pouco antes, o governo brasileiro e a Turquia haviam concluído um acordo com o Irã, prevendo a troca, em Ancara, de 1.200 quilos de urânio iraniano fracamente enriquecido (3,5%) por 120 quilos de combustível enriquecido a 20%, fornecido pelas grandes potências e destinado ao reator nuclear de finalidades médicas de Teerã.
Mas a proposta foi recebida friamente pelas grandes potências, que viram nisso uma manobra do Irã. Os aiatolás, contudo, insistem que seus interesses na tecnologia são meramente pacíficos.