O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta segunda-feira (11) que Moscou não interromperá o que chama de “operação militar” na Ucrânia antes da próxima rodada de negociações de paz com Kiev.
Ou seja, as tropas da Rússia mantêm nesta segunda-feira os ataques na região de Donetsk, assim como Mariupol e Kharkiv. O conflito já soma 47 dias.
Segundo autoridades de Kiev, 183 menores de idade morreram e 342 ficaram feridos desde o início da invasão, em 24 de fevereiro.
A região de Kharkiv, no leste ucraniano, é uma das mais castigadas pelo Exército russo. Apenas nas últimas 24 horas, foi bombardeada 66 vezes. Os ataques deixaram ao menos 11 mortos e 14 feridos, segundo Oleh Syniehubov, chefe da Administração Militar Regional.
Segundo relatório mais recente do Instituto para o Estudo da Guerra, nos Estados Unidos, as forças russas avançaram nas últimas 24 horas em Mariupol. A cidade está dividida em duas: Moscou controla o centro, enquanto o porto e a siderúrgica de Azovstal seguem sob o domínio ucraniano.
Nesta segunda-feira, Forças Armadas da Rússia divulgaram que destruíram no domingo (10) equipamentos e instalações militares da Ucrânia, especialmente no leste e no sul do país.
O Ministério da Defesa russo disse em relatório que, durante a noite, mísseis de alta precisão foram lançados da localidade de Velyka Novosilka (em Donetsk) e destruíram uma base de reparação de armas e equipamentos militares da defesa ucraniana.
Durante a primeira rodada de negociações, Vladimir Putin, presidente da Rússia, ordenou que as ações militares fossem suspensas. Mas sua posição mudou desde então, segundo o ministro das Relações Exteriores.
“Depois que entendemos que os ucranianos não planejavam revidar [as empreitadas], foi tomada a decisão de que, durante as próximas rodadas de negociações, não haveria pausa enquanto um acordo final não fosse alcançado”, afirmou Lavrov em entrevista à TV estatal russa.
Na semana passada, o ministro repreendeu Kiev por apresentar um esboço de acordo de paz “inaceitável”, que se desviava de pontos decididos anteriormente. Kiev acusou Lavrov de usar o ponto de inflexão como tática para baixar a poeira em torno dos possíveis crimes de guerra cometidos pela Rússia.
Crimes de guerra
A Ucrânia está buscando reunir provas de possíveis crimes de guerra cometidos pelas forças russas desde a ocupação de Buzova, que fica nos arredores de Kiev.
Segundo Anton Gerashchenko, assessor do Ministério do Interior do país, foi encontrada uma cova com corpos de civis na região. Ele não indicou quantas vítimas teriam sido enterradas no local, nem precisou exatamente o local do achado.
Mais cedo, o Alto Comissário da União Europeia para Política Exterior, Josep Borrell, afirmou que os países que fazem parte do bloco discutirão hoje como dar suporte à população ucraniana, assim como ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
“Daremos todo o apoio que pudermos aos promotores, ao do TPI e ao da Ucrânia”, afirmou Borrell.
Nos Estados Unidos, a Casa Branca reforçou sua condenação de ataques russos a civis ucranianos como crimes de guerra.
O conselheiro de segurança nacional de Joe Biden, Jake Sullivan, afirmou no domingo (10) que existe um “ataque sistemático de civis pela Rússia e o terrível assassinato de pessoas inocentes” na Ucrânia.
Para Sullivan, os ataques são “absolutamente categorizados como crimes de guerra”. No entanto, recusou-se a taxar a guerra da Rússia como “genocídio”.