Cinco homens foram condenados nesta terça-feira por terem participado do assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaya, morta em 7 de outubro de 2006 ao ser baleada na entrada de seu apartamento na capital Moscou. Um dos réus foi considerado culpado de atirar contra a repórter, enquanto os outros quatros foram responsabilizados por tramar o crime. Vencedora de prêmios internacionais pelas reportagens veiculadas no jornal Novaya Gazeta, Anna tinha 48 anos na época do crime. A sua morte atraiu a atenção de governos do Ocidente para a repressão do presidente Vladimir Putin, então no seu segundo mandato, contra opositores e a imprensa. Na ocasião. Anna trabalhava em uma série de artigos que denunciavam os abusos contra os direitos humanos que eram cometidos pelas tropas russas no conflito da Chechênia.
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Três dos homens condenados pelo crime haviam sido absolvidos em um julgamento realizado em 2009, marcado pelo desaparecimento de provas ligadas ao assassinato. Recentemente, a Suprema Corte atendeu ao pedido da promotoria, anulou o veredito e ordenou a revisão do caso. Mesmo com a condenação dos réus – três irmãos chechenos e seu tio e um ex-policial – as circunstâncias em que a morte de Anna ocorreu ainda são incertas. Embora um dos irmãos, Rustam Makhmudov, tenha sido responsabilizado por efetuar o disparo, um comitê que investiga o crime comunicou que ainda está à procura da pessoa que encomendou a morte da jornalista.
“O assassinato só será resolvido por completo após o nome da pessoa que o encomendou se tornar conhecido”, disse Anna Stavitskaya, advogada da família da vítima, em entrevista à RIA. Ela afirmou que os parentes da jornalista aprovaram as condenações, mas ressaltou que os réus eram “apenas algumas das pessoas que devem ser trazidas à Justiça”. De acordo com o jornal The Guardian, críticos do governo de Putin acreditam que o mentor do crime nunca será conhecido, uma vez que as investigações poderiam levar a nomes influentes no Kremlin. No ano passado, o ex-policial Dmitry Pavlyuchenkov foi condenado a onze anos de prisão por fornecer a arma do crime. Os cinco culpados conhecerão as suas penas nesta quarta-feira.
Sanções – Segundo a rede BBC, os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra doze autoridades russas que estão envolvidas na morte do advogado Sergei Magnitsky. Preso em 2008 por evasão fiscal, Magnitsky morreu no ano seguinte, enquanto estava na prisão, em circunstâncias não esclarecidas. Entre as causas apontadas para a morte estão ferimentos provocados por torturas às quais o advogado foi submetido na cadeia e negligência das autoridades. Uma lista com outros dezoito sancionados foi divulgada pelos americanos no ano passado. Após o anúncio, Putin aprovou uma legislação que impede cidadãos americanos de adotarem russos. De acordo com os Estados Unidos, as punições são “independentes das ações da Rússia na crise ucraniana.”