O parlamento da Rússia aprovou nesta quarta-feira, 18, um projeto de lei que revoga a ratificação do tratado de proibição de testes nucleares. Cumprindo um desejo do presidente Vladimir Putin, a medida muda a posição legal de Moscou em meio as tensões com o Ocidente e a guerra na Ucrânia.
Com unanimidade de 415 votos a zero, os legisladores da Duma aprovaram a segunda e a terceira leituras de um projeto de lei que revoga a ratificação pela Rússia do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares. Segundo Putin, a mudança tem objetivo de “espelhar” a decisão dos Estados Unidos que assinou, mas nunca ratificou, o tratado de 1996.
“Compreendemos a nossa responsabilidade para com os nossos cidadãos, estamos protegendo nosso país. O que está acontecendo no mundo hoje é culpa exclusiva dos Estados Unidos”, disparou Vyacheslav Volodin, presidente do parlamento.
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Desde que invadiu a Ucrânia no ano passado, Putin tem lembrado repetidamente o Ocidente sobre o poderio nuclear da Rússia. Nesta quarta-feira, a TV estatal exibiu imagens raras do chefe do Kremlin durante uma visita a Pequim, acompanhado por oficiais da Marinha carregando a chamada “maleta nuclear”, que pode ser usada para ordenar um ataque atômico.
Apesar disso, Moscou já declarou que não retomaria os testes a menos que Washington o fizesse, o que preocupa analistas internacionais. Especialistas dizem que um teste realizado pela Rússia ou pelos Estados Unidos poderia inspirar potências como China, Índia e Paquistão a seguirem pelo mesmo caminho.
Mesmo com a revogação da ratificação, feita em 2000, a Rússia deve continuar a ser signatária do tratado, o que significa que precisa fornecer dados ao sistema de monitoramento global que alerta o mundo sobre qualquer teste nuclear. Porém, autoridades russas também consideram se retirar completamente do pacto.
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“E o que faremos a seguir – quer continuemos a ser parte do tratado ou não, não lhes diremos. Devemos pensar na segurança global, na segurança dos nossos cidadãos e agir de acordo com os interesses nacionais”, disse Volodin.
Melissa Parke, diretora executiva da Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares, classificou a ação da Rússia como irresponsável. Ela disse que tratados “são fundamentais para garantir que os testes nucleares que prejudicaram a saúde das pessoas e causam contaminação radioativa generalizada não sejam retomados”.