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Rússia anuncia nova retirada de tropas da Crimeia

Em resposta ao ceticismo expressado pelo Ocidente, o porta-voz do governo disse que não é possível retirar todas as tropas em um dia

Por Matheus Deccache 17 fev 2022, 12h02

O governo da Rússia anunciou nesta quinta-feira, 17, que segue com a retirada de tropas militares da região da Crimeia, território ucraniano anexado pelos russos em 2014. O anúncio ocorre dois dias depois do Kremlin dizer que também está diminuindo suas forças militares na fronteira com a Ucrânia

De acordo com imagens de satélite feitas pela Maxar Technologies, empresa americana de tecnologia espacial, veículos blindados estão posicionados no estaleiro de Yevpatoria, indicando uma possível retirada. 

Tropas e equipamentos militares, no entanto, seguem implantados em outras regiões da Península, inclusive em um campo de treinamento na região de Opuk. 

Assim como foi feito com o anúncio do recuo na fronteira, o Ministério da Defesa russo publicou vídeos em que é possível ver tropas e veículos militares em movimentação na ponte que liga a Crimeia à Rússia. No entanto, não há garantias de quando as imagens foram feitas e nem a quantidade de soldados envolvidos na ação.

“As unidades do distrito federal do Sul que terminaram sua participação em manobras táticas nas bases da península da Crimeia estão voltando para seus locais de origem de trem”, disse o ministério às agências de notícias russas.

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O Ocidente, no entanto, segue expressando ceticismo em relação à retirada e afirma ainda não ter visto garantias que indiquem a movimentação. Para o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, o número de soldados russos continua subindo, ao invés de estar diminuindo. 

Ao mesmo tempo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o ministro de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, também disseram ter dúvidas a respeito de uma desescalada das tropas russas na região.

“De fato, temos visto uma contínua acumulação de recursos, como hospitais de campanha e sistemas estratégicos de armamentos”, afirmou. “Julgaremos a Rússia por suas ações, e até vermos uma desescalada adequada, acho que todos devemos permanecer cautelosos sobre os rumos do Kremlin”, ressaltou.

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Em resposta, o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, garantiu que as forças militares estão retornando para suas bases e disse que tal movimentação não acontece em apenas um dia. 

“Esse processo já começou. Vimos informações e imagens do retorno das tropas oferecidas pelo Ministério da Defesa”, garantiu Peskov, em entrevista coletiva diária.

O porta-voz indicou que o processo leva tempo, assim como a preparação e o agrupamento de tropas para as manobras levou semanas, sendo impossível retirá-las das bases permanentes em um dia.

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O Kremlin classificou como “infundadas” as denúncias americanas de que a Rússia está enviando novas tropas para as imediações da Ucrânia. Na última quarta, um funcionário do alto escalão do governo americano garantiu que o país aumentou a presença na fronteira com até sete mil soldados. 

“Não vamos aceitar queixas sobre como deslocamos forças armadas no território de nosso país. Trata-se de um direito soberano, e não temos a intenção de discutir isso com ninguém”, disse Peskov. 

O Kremlin é contra a possível adesão de Kiev à aliança militar da Otan e vem alertando que uma confirmação terá consequências graves. Segundo Putin, uma eventual adesão do país vizinho à Otan é uma ameaça não apenas à Rússia, “mas também a todos os países do mundo”. De acordo com ele, uma Ucrânia próxima ao Ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado. 

A aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos 30 aliados e pela própria Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira para preparar um ataque.

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