A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) contabilizou 317 mortos na Nicarágua, incluindo 23 crianças e 21 policiais, durante os protestos contra o governo de Daniel Ortega entre 18 de abril e 30 de julho.
A CIDH informou que, depois de cinco semanas de trabalho no país, o Mecanismo Especial de Seguimento para a Nicarágua (Meseni) verificou a perseguição e a criminalização por parte do Estado contra manifestantes, opositores e pessoas que participaram dos protestos de maneiras diversas.
“A Comissão Interamericana condena todos os assassinatos registrados e insta o Estado da Nicarágua a investigar com prontidão e seriedade cada um desses crimes”, disse a relatora da CIDH no país, a chilena Antonia Urrejola. “O Estado deve manter um registro atualizado, confiável e transparente de todas as mortes.”
O Meseni disse que muitas detenções arbitrárias e violentas foram realizadas por homens mascarados depois que a população levantou barricadas para se proteger. As prisões aumentaram rapidamente a partir de 19 de junho.
Segundo a comissão, as pessoas detidas não foram informadas de seus direitos no momento da prisão e nem quais eram as acusações. Além disso, não houve ordens judiciais, e as famílias dos detidos não foram informadas sobre o destino deles.
OEA
A CIDH emitiu o comunicado horas antes de a Organização dos Estados Americanos (OEA) realizar uma sessão especial, em Washington, para condenar a repressão do governo de Daniel Ortega e avaliar a criação de uma comissão especial para a Nicarágua até o próximo dia 10, a fim de promover o diálogo nacional.
A comissão seria composta por um representante de cada um dos grupos regionais que operam na OEA: a Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), o Sistema de Integração Centro-americana (Sica) e a Comunidade do Caribe (Caricom).
A presidente interina do Conselho Permanente da OEA, a costa-riquenha Rita Hernández, anunciou que há negociações em curso.