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Relações entre EUA e Rússia chegaram ao chão, diz porta-voz do Kremlin

Em entrevista, Dmitriy Peskov definiu telefonema no sábado entre Putin e Biden como positivo, mas ressaltou que países estão em 'ponto muito, muito baixo' 

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 fev 2022, 11h07 - Publicado em 14 fev 2022, 09h00

Apesar de uma recente movimentação para diálogos bilaterais, as relações entre Moscou e Washington estão “no chão”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, à agência de notícias russa RIA, em meio às preocupações ocidentais com exercícios militares de Moscou perto da fronteira com a Ucrânia.

Segundo Peskov, há certos canais para diálogo, e é positivo o fato de que o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente americano, Joe Biden, entraram em contato por telefone no sábado. Em outras áreas, no entanto, não há progresso significativo.

“Os chefes de Estado estão em diálogo, há diálogo em outras frentes”, disse Peskov em entrevista. “Isto é uma vantagem porque vocês sabem que, há poucos anos, havia zero diálogo, não havia contato nenhum”.

Para o porta-voz, no entanto, “em relações bilaterais só se pode falar sobre pontos negativos” e “estamos em um ponto muito, muito baixo. No momento, (as relações) estão deitadas no chão”.

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No telefonema entre os líderes, Biden teria deixado claro que, se houver uma invasão, os Estados Unidos e seus aliados irão impor à Rússia “custos rápidos e severos”.

O Kremlin é contra a possível adesão de Kiev à aliança militar da Otan e vem alertando que uma confirmação terá consequências graves. Segundo Putin, uma eventual adesão do país vizinho à Otan é uma ameaça não apenas à Rússia, “mas também a todos os países do mundo”. Segundo ele, uma Ucrânia próxima ao Ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado. 

A Aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos 30 aliados e pela própria Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira para preparar um ataque.

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No domingo, autoridade americanas voltaram a afirmar que a Rússia poderia invadir a Ucrânia “a qualquer momento” e criar um pretexto para um ataque surpresa. A invasão, segundo o conselheiro de Segurança dos Estados Unidos, Jake Sullivan, poderia acontecer antes mesmo do final dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, no próximo dia 20. 

As preocupações americanas e da Otan, principal aliança militar ocidental, se dão em meio à consolidação de forças russas perto da fronteira com a Ucrânia.  De acordo com o Ministério da Defesa ucraniano, há, atualmente, mais de 127.000 soldados russos posicionados perto de seus limites. A Rússia cercou o norte do país vizinho, onde a fronteira é mais desguarnecida, posicionando seu Exército como uma ferradura, cercando a região por três lados, em territórios de Belarus, de quem é aliada.

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Além da presença, Moscou deu início na última quinta-feira a dez dias de exercícios conjuntos com o Exército de Belarus, transferindo cerca de 30.000 soldados, dois batalhões de sistemas de mísseis terra-ar e diversos caças para os arredores de Minsk. Os treinamentos, no entanto, estão sendo vistos pelos Estados Unidos e pela Otan como pretexto para Moscou aumentar ainda mais o número de tropas ao longo da divisa com território ucraniano. A capital ucraniana, Kiev, fica a cerca de 200 quilômetros da fronteira com Belarus.

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