Grã-Bretanha e EUA acusam governo chinês de campanha de ciberataques
Governo americano já indiciou dois hackers chineses por roubarem dados confidenciais e segredos comerciais de 45 empresas de 12 países
Os governos britânico e americano acusaram nesta quinta-feira, 20, setores da China por uma “ampla campanha de ciberataques” contra propriedade intelectual e dados comerciais “sensíveis” na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos.
Segundo as acusações, os hackers fazem parte de um grupo conhecido como APT 10, que opera na China em associação com o Ministério da Segurança do Estado. Os invasores teriam liderado uma campanha global de ataques cibernéticos entre 2006 e 2018 para roubar dados confidenciais e segredos comerciais de 45 empresas de 12 países.
Os Estados Unidos já indiciaram dois chineses envolvidos com os ataques: Zhu Hua e Zhang Shilong, que fazem parte da APT 10.
Os países afetados pelos ataques, além do Reino Unido e dos Estados Unidos, ainda não foram revelados pelas agências de segurança que detectaram as invasões.
“Trata-se simplesmente de trapaça e roubo, e isso dá à China uma vantagem injusta às custas de empresas e países que respeitam as regras internacionais”, afirmou o número dois do Departamento de Justiça americano, Rod Rosenstein. “Será difícil para a China alegar que não é responsável por esses ataques, agora que os Estados Unidos tornaram pública uma acusação muito detalhada e precisa”, acrescentou Rosenstein.
Nenhum país representa “uma ameaça tão grande e por tanto tempo quanto a China”, declarou por sua vez o diretor do FBI, Christopher Wray. Segundo ele, Pequim quer “substituir os Estados Unidos como potência líder mundial”.
Segundo o Centro Nacional de Segurança Cibernética (NCSC) do Reino Unido, a campanha de ciberataques conduzida pela APT 10 buscava informação comercial sensível e de propriedade intelectual de provedores de serviços gerenciados (MSP) e de seus clientes.
Empresas de MSP costumam oferecer serviços de tecnologia da informação e manutenção de computadores à distância, de forma terceirizada.
Ainda de acordo com o órgão de segurança de Londres, “é altamente provável que os acessos fossem usados para cometer espionagem comercial”.
O ministro de Relações Exteriores britânico, Jeremy Hunt, pediu a China que acabe com essa atividade perniciosa e acusou o país asiático de violar os compromissos adquiridos com o Reino Unido em nível bilateral em 2015 e como parte do G20.
A China se comprometeu então “a não efetuar nem apoiar o roubo de propriedade intelectual ou segredos comerciais mediante suportes cibernéticos”, afirmou Hunt.
“Nossa mensagem aos governos dispostos a permitir este tipo de atividades é clara: junto com nossos aliados, denunciaremos os atos de vocês e tomaremos outras medidas necessárias para garantir que a lei seja cumprida”, declarou o ministro britânico.
Esta é a primeira vez que o governo do Reino Unido acusa abertamente o Estado chinês de uma campanha de ciberataques e espionagem digital.
No final de outubro, dez cidadãos chineses já haviam sido indiciados pelos tribunais americanos por espionagem econômica contra empresas aeronáuticas francesas e americanas.
(Com EFE e AFP)