O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, conversou por telefone nesta quinta-feira com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o cumprimentou por sua reeleição, que o premiê chamou de “um voto de confiança em sua liderança”, afirmou nota de seu gabinete. Mais do que um ato diplomático protocolar entre dois chefes de estado, o telefonema do israelense ao americano contém ingredientes de pura tensão.
Desde que Obama assumiu a Presidência dos EUA, os dois mantêm uma relação difícil. Alegando ameaças a Israel, Netanyahu pressiona Obama a tomar uma atidude mais dura sobre o programa nuclear iraniano. O presidente, por sua vez, rejeita o belicismo do premiê e já deus pistas de que simplesmente não confia nele.
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Há um ano, durante a cúpula do G20 em Cannes, isso ficou evidente após uma conversa privada entre Obama e o então presidente francês, Nicolas Sarkozy, ser captada por um microfone da tradução simultânea do evento. “Não posso nem vê-lo. É um mentiroso”, declarou Sarkozy sobre Bibi Netanyahu. “Se você está cansado, imagina eu, que tenho de lidar com ele todos os dias”, respondeu Obama.
Agora, com o líder americano reeleito para mais quatro anos na Casa Branca, uma onda de críticas de políticos e da imprensa atinge Netanyahu dentro de casa. O principal argumento dos que o reprimem é o apoio informal que o premiê deu ao republicano Mitt Romney. Contra ele ainda pesam doações de milhões de dólares feitas à campanha de Romney por um magnata dos cassinos nos EUA que também é um dos principais apoiadores do israelense. Ao escolher um candidato – ainda mais “o candidato errado” e derrotado, dizem os críticos – Netanyahu aprofundou a distância que o separa de Washington.
Críticas – No front político, as críticas mais diretas vieram do Kadima, partido centrista que deixou a coalizão que apoia Netanyahu em julho. Em sua página no Facebook, a leganda reclamou que o primeiro-ministro se aliou a Romney na campanha e, assim, não tem mais como despertar a confiança de Obama – nem a dos israelenses, afirma a nota do partido.
Na imprensa, o Jerusalem Post publicou declarações do ex-primeiro ministro Ehud Olmert não aprovando o fato de Netanyahu ter se envolvido nas eleições nos EUA. “O comportamento de Netanyahu nos últimos meses levanta a questão se ele é um amigo na Casa Branca. Não estou certo disso”, disse Olmert. “Isso representa uma brecha significativa em regras básicas da manutenção dos laços entre duas nações, pior ainda se essas países são aliados como Israel e Estados Unidos”.
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Disputa eleitoral – Por trás das críticas a Netanyahu está a eleição israelense de 22 de janeiro do próximo ano. Em discurso horas antes de seu telefonema a Obama, o premiê disse que alguns críticos seus “estão tentando causar um conflito entre nós e os Estados Unidos” ao citar a suposta preferência dele pelo republicano Romney.
“Eles não vão conseguir”, disse, numa declaração que pareceu ter como alvo principalmente Ehud Olmert, seu provável adversário na eleição. Segundo Netanyahu, “a aliança com os Estados Unidos está firme”. “Temos uma parceria estratégica (com os EUA), mas acima de tudo em segurança, onde a cooperação é profunda, ampla e sólida”, disse Netanyahu.
(Com agência Reuters)