Bamaco, 31 mar (EFE).- Os rebeldes tuaregues de Mali, que pegaram em armas em janeiro para pedir a independência do norte do país, começaram a entrar na cidade de Gao, a capital, sem praticamente encontrar focos de resistência.
Em Gao fica o principal quartel da região. Na sexta-feira à noite, o Movimento Nacional para a Libertação de Azawad (MNLA), lançou uma ofensiva contra três cidades da província de Gao, entre elas a capital, poucas horas depois de ter assumido o controle da cidade de Kidal, centro administrativo da região de mesmo nome situado ao norte.
Esta nova ofensiva coincide com a realização em Bamaco de uma grande mobilização convocada pela associação de líderes religiosos de Mali pedindo o fim da violência.
No estádio de Modibo Keita, na capital de Mali, Mohamed Dicko, membro do alto Conselho Islâmico de Mali, convocou ao ‘restabelecimento do diálogo entre os filhos de Mali’.
Dicko pediu à Junta Militar golpista, que no último dia 21 derrubou o presidente Amadou Toumani Touré, que retome o diálogo com a Comunidade Econômica dos Estados de África Ocidental (Cedeao), que expulsou Mali e que há dois dias deu ultimato para restabelecer o anterior poder.
Em caso de os golpistas não cumprirem com essa exigência, o bloco ameaçou aplicar embargo diplomático e econômico, assim como com o fechamento de fronteiras dos países integrantes da Cedeao.
Neste sentido, neste sábado chegou a Burkina Fasso um representante do presidente da junta militar, Amadou Haye Sanogo, para reunir-se com o presidente de Burkina Fasso, Blaise Compaoré, e mediador na crise.
Os países da Cedeao se reuniram na quinta-feira em Abidjan (Burkina Fasso), após uma tentativa fracassada de encontro com o líder golpista malinês em Bamaco, devido ao fato de simpatizantes do levante militar terem bloqueado o aeroporto para impedir a aterrissagem dos aviões nos quais viajavam as delegações.
Após os tuaregues terem tomado a cidade malinês de Kidal (nordeste), Sanogo classificou a situação no norte do país de preocupante e pediu aos países da Cedeao que se envolvam para encontrar a solução do conflito tuaregue.
O levantamento armado tuaregue, que explodiu em 17 de janeiro causando inúmeras mortes, mais de 200 mil deslocados e refugiados, foi o que detonou uma crise dentro das Forças Armadas que desembocou no golpe de Estado de 21 de março. EFE