Rebeldes se preparam para ataque de Kadafi no oeste
Insurgentes recomendam que população deixe Uqayla para evitar massacre
As forças opositoras ao regime de Muamar Kadafi, que controlam o leste da Líbia, avançaram nesta sexta-feira para o oeste do país, onde se preparam para resistir a um novo ataque do exército fiel ao ditador. Os rebeldes armados chegaram a Uqayla, um pequeno povoado situado 280 quilômetros a sudoeste de seu quartel-general em Bengasi e 15 quilômetros a oeste de Brega, uma importante área petroleira, onde houve violentos combates entre as forças leais a Kadafi e os insurgentes.
O capitão Choaib al Akaki, que se uniu à oposição, estava preocupado com possíveis ataques. “Tentamos limitar ao máximo as perdas de ambos os lados. Na Líbia, todos somos pais, somos um país de tribos. Todos temos familiares em Syrte”, cidade natal e feudo do coronel Kadafi, situado entre Trípoli e Bengasi, disse ele. “Não recomendamos que as pessoas vão para o oeste porque as tropas de Kadafi são fortes lá. Haverá um massacre se forem para lá”, explicou o capitão Mohamad Abddulah, que também se uniu à oposição.
Segundo Abddulah, centenas de voluntários partiram para o oeste e esperam reforços a 20 quilômetros de Uqayla. As forças governamentais do sul também desobedeceram as ordens oficiais e começaram a se dirigir para o oeste, assegurou o capitão. “Parece que (essa desobediência) atrasou o plano de invasão de Kadafi”, explicou Abudullah, acrescentando que um ataque poderia ocorrer a qualquer momento. Na periferia de Uqayla, um jornalista da agência France Presse viu seis caminhonetes carregadas com armamento pesado dirigindo-se para o oeste.
Disputa sobre petróleo – Em Brega, a oposição se prepara para uma nova contraofensiva. Cerca de 50 rebeldes instalaram um posto de controle equipado com armas antiaéreas e construíram barricadas nas ruas frente à entrada da refinaria mais importante da cidade. Na periferia de Ajdabiya, 70 quilômetros a oeste de Brega, vários carros dirigiam-se para o porto petroleiro. Alguns deles vinham de cidades mais a leste, como Al Baida ou Tobruk.
“Vim com quatro amigos. Não temos armas, mas esperamos conseguir uma quando chegarmos em Brega. Temos que demonstrar (a Kadafi) que este é nosso país. É o momento da jihad”, explicou Mohamed, de 35 anos, funcionário de banco em Tobruk.
As tropas do coronel Kadafi, por sua vez, mantêm o controle do oeste, perto da divisa com a Tunísia, onde milhares de pessoas que fugiram da repressão líbia tentam atravessar a fronteira, indicou em Genebra o Alto Comissariado da ONU para os Refugias (Acnur).
(Com agência France-Presse)