Madri, 17 jan (EFE).- O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, realizará nesta quarta-feira sua primeira viagem oficial ao exterior que, cumprindo a tradição de seus antecessores no cargo, será ao Marrocos.
Rajoy deseja manter boas relações políticas e econômicas com o país vizinho, apesar das tradicionais divergências em torno do Saara Ocidental, Ceuta e Melilla.
O premiê se reunirá com o presidente do governo marroquino, o islâmico Abdelilah Benkirane, e com o rei Mohammed VI.
Para Rabat, segundo ressaltou no fim de semana o porta-voz do governo, Mustapha Khalfi, a visita representa ‘uma mensagem forte e positiva que reflete os estreitos laços entre os dois países’.
Na agenda do encontro está o acordo de pesca entre a União Europeia e o Marrocos, que o Parlamento Europeu decidiu não prorrogar em dezembro ao considerar que provocava a exploração excessiva de algumas espécies e que violava o direito internacional ao interferir nos recursos da população local saarauí.
A paralisação do convênio afetou 64 navios espanhóis, e o governo de Rajoy quer que seja negociado um novo acordo urgentemente, meta que também é buscada pelas autoridades de Rabat respeitando ‘a unidade territorial’ do Marrocos.
Por outro lado, o Executivo espanhol está convencido que sua posição favorável a um plebiscito de autodeterminação no Saara Ocidental, incluída no programa eleitoral com o qual o Partido Popular ganhou as eleições, não interferirá em sua relação com o país vizinho.
Entre os interesses compartilhados destacam-se a cooperação na luta contra a imigração ilegal, o crime organizado e o terrorismo e, como sublinham ambas as partes, os vínculos econômicos, visto que a Espanha é o segundo país que mais investe no Marrocos, atrás da França.
Além do Saara Ocidental, a situação das cidades autônomas de Ceuta e Melilla, cuja soberania é reivindicada por Marrocos, representou também um tradicional ponto de atrito.
O PP sempre foi contundente na defesa da soberania espanhola em ambas as cidades, mas o governo está convencido de que essa questão não faz parte das preocupações principais do Marrocos neste momento.
Em geral, apesar dos receios que o PP provocou nos últimos anos na classe política marroquina, especialmente por conta da queda-de-braço na disputa pela Ilha Perejil em 2002, no mandato de José María Aznar, a chegada de Rajoy ao poder foi recebida com esperança no país vizinho.
Mohammed VI felicitou Rajoy no dia seguinte a seu triunfo eleitoral e no último dia 3 os dois mantiveram uma conversa por telefone, na qual o rei expressou seu desejo de ‘aprofundar as linhas estratégicas’ da relação bilateral. EFE