Madri, 10 jan (EFE).- O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, afirmou nesta terça-feira em uma entrevista à Agência Efe que não prevê um aumento do IVA e não criará um ‘banco mau’ na Espanha.
Em sua primeira entrevista após sua chegada ao poder em dezembro, Rajoy disse que realizará antes de 15 de fevereiro um plano de reestruturação do sistema financeiro espanhol com os princípios de saneamento, transparência e fusão das entidades.
O chefe do Executivo justificou a alta do imposto sobre as rendas salariais, uma das primeiras medidas adotadas pelo novo Governo, disse que o déficit foi superior ao previsto em 20 bilhões de euros, e admitiu que a medida é ‘dura e dolorosa, mas absolutamente imprescindível’.
‘É verdade que é uma decisão desagradável, eu acho que não havia outra opção, embora podíamos ter feito outras coisas como não ter subido as pensões e descido as verbas destinadas ao desemprego. Tentamos ser justos e equitativos e pedir um esforço às pessoas com mais recursos para dois anos’, acrescentou.
Para Rajoy, a medida ‘era fundamental para a credibilidade do país’. Sobre uma eventual alta do IVA, ele explicou que o Governo decidiu não recorrer a essa medida ‘porque afeta por igual todo o mundo’ e ‘não parecia a mais justa nem a mais equitativa’.
Rajoy reconheceu que ‘com cinco milhões de desempregados, a economia é o mais importante’, e afirmou que quis dar ‘um sinal fora e dentro da Espanha de que o presidente não vai se esconder’.
O chefe do Executivo afirmou que acredita ‘profundamente’ no estado do bem-estar, que de acordo com ele ‘não está em perigo’. ‘Acredito em um sistema de pensões, em um sistema de saúde universal, público e gratuito, e em um sistema educacional que é preciso melhorar’. ‘Mas para mantê-lo é preciso dinheiro, crescimento econômico e emprego’, acrescentou.
Na entrevista à Efe, o líder conservador responsabilizou às comunidades autônomas por 15 dos 20 bilhões de euros de desvio do déficit público registrado em 2011, conforme dados ainda não definitivos da Intervenção Geral do Estado.
O déficit das autonomias espanholas se situou em torno de 2,7% do PIB, contra 1,3% previsto, enquanto o desequilíbrio da Administração central superou ligeiramente 5%, acima dos 4,8% esperados.
Rajoy disse que o desvio em 2011 foi de 20 bilhões, o que implica situar o déficit em 8%, dois pontos acima dos 6% previstos, já que cada ponto adicional representa cerca de 10 bilhões de euros. EFE