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Rainha Elizabeth II e seus 15 primeiros-ministros

Durante sete décadas de reinado, a monarca apertou a mão de 15 premiês diferentes, de Winston Churchill a Liz Truss

Por Amanda Péchy
Atualizado em 8 set 2022, 18h40 - Publicado em 8 set 2022, 16h23

Ao longo de seu tempo como chefe de Estado, Elizabeth II teve a nomeação de novos primeiros-ministros como um de seus principais deveres constitucionais, junto à abertura de Estado do Parlamento e a assinatura de projetos parlamentares em lei.

Durante os 70 anos de reinado, terminados com sua morte nesta quinta-feira, 8, foram 15 premiês e muitas parcerias foram formadas, de Winston Churchill a Margaret Thatcher, a Dama de Ferro – e algumas se mostraram mais difíceis que outras.

A rainha se encontrou com todos eles semanalmente para “audiências” privadas. Ainda assim, alguns trechos dos encontros vazaram, em conversas, biografias e momentos inesperados.

Churchill, o buldogue britânico

Quando Elizabeth assumiu o trono após a morte de seu pai, Winston Churchill foi uma das primeiras pessoas a recebê-la. Historiadores afirmam que Churchill, grande admirador do rei George VI, inicialmente pensava que ela era muito inexperiente para assumir o cargo. Com o tempo, no entanto, criou-se uma relação muito cordial.

Ao ser perguntada uma vez com qual deles mais gostava de se encontrar, respondeu: “Winston, claro, porque é sempre muito divertido”. Churchill, por sua vez, disse que “todas as pessoas do mundo, se tivessem vasculhado o globo, não teriam encontrado ninguém capaz do papel”. Após Churchill aposentar, a rainha escreveu uma carta na qual dizia que nenhum sucessor nunca iria “ser capaz de assumir o lugar do meu primeiro-ministro”.

Anthony Eden, da crise de Margaret à de Suez

Elizabeth II achou que seu segundo primeiro-ministro era um ouvinte simpático e seu relacionamento era de propriedade constitucional. As primeiras reuniões dos dois giraram em torno do escândalo da irmã da rainha, a princesa Margaret, que havia se apaixonado por um homem casado. No entanto, pouco tempo depois uma crise mais importante tomou lugar do imbróglio.

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O maior evento político a ocorrer durante o mandato de Eden foi a crise do Canal de Suez, em 1956. Durante esse tempo, ele acreditava que era de suprema importância manter a rainha informada, então compartilhou todos os papéis de Suez com a monarca – a primeira vez que ela viu documentos secretos do governo.

O difícil Harold Macmillan

A rainha originalmente achou difícil lidar com Macmillan. “Ele não tinha certeza se a visita anual do primeiro-ministro a Balmoral era uma ocasião social, com ‘conversas de negócios’ relegadas às margens, ou uma versão das Terras Altas de suas audiências semanais no Palácio de Buckingham”, segundo um post do blog do governo.

Mas eles acabaram se apegando um ao outro. Elizabeth II confiava em Macmillan devido aos seus sábios conselhos – tanto durante o mandato quanto após sua aposentadoria em 1963.

Alec Douglas-Home, encantador de cavalos

A rainha conhecia bem o premiê, pois ele havia sido amigo de infância da rainha-mãe, também chamada Elizabeth. Por isso, a monarca trabalhou duro para restabelecer seu relacionamento informal com ele. Ao longo do tempo em que esteve no cargo, Douglas-Home teve o privilégio de, inclusive, dar o nome a vários cavalos reais – uma grande paixão de Elizabeth II.

Harold Wilson, gente como a gente

Wilson, que veio de uma classe média baixa, tornou-se o primeiro premiê do Partido Trabalhista durante o reinado de Elizabeth. Ele muitas vezes quebrava o protocolo das audiências semanais com a rainha e gostava de ajudar a lavar a louça depois dos churrascos no castelo de Balmoral.

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As tendências socialistas de Harold Wilson geraram tensão, a princípio – na premiada série The Crown, a família real até especula se ele era um espião do Kremlin –, mas depois os dois se deram bem. O livro “Rainha Elizabeth II e a Monarquia” conta que Wilson tratava-a como par, como se fosse um membro de seu gabinete.

O euroentusiasta Edward Heath

O relacionamento de Elizabeth II e Heath foi difícil, principalmente porque seus pontos de vista diferiam imensamente. Enquanto a rainha considerava seu papel como chefe da Commonwealth de extrema importância, Heath era a favor da integração europeia.

“Ela nunca se sentia confortável com ele”, diz o livro “Rainha Elizabeth II e a Monarquia”. A proximidade que ela tinha com Wilson se perdeu durante o governo Heath.

James Callaghan, monarquista de carteirinha

Callaghan, um entusiasta da monarquia, se deu muito bem com a rainha, afirmando que ela sempre conseguiu “ver o lado bom das coisas” e era uma “boa ouvinte”. Mas observou que ela lhe ofereceu “simpatia, mas não amizade”.

Em uma entrevista à BBC, o premiê descreveu um momento em que pediu a opinião de Elizabeth II, pois não conseguia se decidir sobre um assunto. Ele disse que a rainha olhou para ele “com um brilho nos olhos” e disse “é para isso que você é pago”.

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A Dama de Ferro

A relação de Elizabeth com Margaret Thatcher, sua oitava premiê, foi conhecida como difícil – o que Thatcher descreveu como “sexista”. Para a Dama de Ferro, a rainha era uma mulher forte cheia de ações corretas, mas uma “história sobre brigas entre ‘duas mulheres poderosas’ eram boas demais para não inventar”, segundo escreveu em sua autobiografia.

Enquanto Thatcher e a rainha eram as mais próximas em idade, Thatcher mantinha seus encontros estritamente profissionais, formais e notoriamente rígidos. Ela também via suas visitas anuais à casa real em Balmoral como uma interrupção de seu trabalho. Mas, apesar disso, diz-se que Thatcher foi incrivelmente respeitosa com a rainha e acabou se tornando sua primeiro-ministro mais longeva.

John Major e as crises gêmeas

John Major e a rainha forneceram apoio mútuo durante sua liderança. Eles passaram por muitas crises juntos – ele, a Guerra do Golfo e crises econômicas, e ela um escândalo no Castelo de Windsor e os problemas conjugais de seu filho Charles, o príncipe de Gales, e sua esposa, Diana.

Major descreveu a rainha como uma líder “astuta”, com quem era possível conversar sobre tudo.

O modernizador Tony Blair

Blair considerava a monarquia como uma instituição antiquada e estava determinada a modernizá-la. Em seu livro “A Journey“, ele zombou da tradição anual de visitar a rainha na casa real em Balmoral, lembrando “a combinação vívida do intrigante, do surreal e do totalmente esquisito. Claro, não que a realeza não fosse muito receptiva.”

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No mesmo livro, ele descreve a rainha como uma pessoa “tímida, mas ao mesmo tempo direta”.

Enquanto isso, a rainha teria considerado o relacionamento de Blair com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, como muito amigável.

Brown, fora da lista de convidados

Embora se acredite que a rainha e Brown tenham um relacionamento próximo, não foi suficiente para garantir-lhe um convite para o casamento do príncipe William. Sua Majestade, no entanto, ocasionalmente imitava seu sotaque escocês.

O primo David Cameron

A relação entre David Cameron e a rainha parece ter sido calorosa. Além de ter sido o mais jovem dos primeiros-ministros da rainha, os dois também eram parentes. Ele é descendente direto do rei William IV, tornando-o primo em quinto grau da rainha.

No entanto, houve turbulências na relação quando ele contou sobre uma reunião privada entre os dois para o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. Ele afirmou que não havia sensação igual a ligar para a rainha para contar que ele havia sido eleito, e que ela “ronronou” na linha de telefone.

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Theresa May, honrada

Após a renúncia de Cameron, May se tornou a segunda mulher premiê do Reino Unido. Não se sabe muito publicamente sobre o relacionamento pessoal, mas a dupla supostamente construiu uma forte relação ao longo dos três anos em que May esteve no cargo. Dirigindo-se à mídia antes de apresentar sua renúncia à rainha, May descreveu seu cargo como “a maior honra”, e afirmou que os encontros com Elizabeth II eram cheios de “charme e consideração”.

O descabelado Johnson

Boris Johnson sempre se descreveu como um monarquista que tem a mais alta consideração pela rainha. Só que, em mais de uma ocasião, ele levou ao limite a posição de imparcialidade do monarca.

O primeiro-ministro teve que se desculpar duas vezes com a soberana – mais recentemente como resultado de festas na sede do governo, o nº 10 de Downing Street, na véspera do funeral do príncipe Philip, enquanto o resto do país enfrentava restrições da pandemia. O outro pedido de desculpas foi supostamente em 2019 pela prorrogação ilegal do Parlamento.

A incógnita de Truss

Na terça-feira 6, ela recebeu Liz Truss para torná-la a 15ª premiê de seu reinado, e a terceira mulher a governar o país. Em um sinal de que ela já estava com a saúde debilitada, o encontro foi feito em Balmoral, na Escócia, pela primeira vez, já que não havia como fazer a viagem de mais de 1.600 quilômetros até Londres. De acordo com fontes da realeza, que falaram com a rede CNN, a decisão foi tomada para evitar quaisquer problemas repentinos caso a rainha tivesse algum problema de locomoção.

Truss disse nesta quinta-feira que o Reino Unido é o que é hoje graças à rainha. Resta ver o que Truss e Charles III farão com o país daqui em diante.

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