O ataque aéreo de Israel que matou sete funcionários da World Central Kitchen, uma ONG que entregava alimentos no centro da Faixa de Gaza, na segunda-feira, dia 1º, gerou revolta entre líderes mundiais. As vítimas tinham seis nacionalidades diferentes, fazendo com que os governos de Austrália, Polônia, Reino Unido e Espanha cobrassem explicações de Tel Aviv sobre o ocorrido, além de pedirem que os culpados pelo incidente fossem responsabilizados.
A World Central Kitchen afirmou que a equipe de ajuda humanitária se deslocava em três carros com o logotipo da ONG, dois deles blindados, e estava em uma área “sem conflitos” no momento do ataque. Em comunicado, a organização fundada pelo chefe de cozinha espanhol José Andrés pediu o fim da “matança indiscriminada” em Gaza e anunciou que vai “pausar (suas) operações na região”.
Revolta global
Depois da confirmação da morte do cidadão australiano Zomi Frankcom no ataque, o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, pediu total responsabilização de Israel pela “tragédia que nunca deveria ter ocorrido”. Segundo Albanese, o Departamento de Relações Exteriores e Comércio solicitou um telefonema com o embaixador israelense em Camberra para esclarecer o incidente que o premiê chamou de “completamente inaceitável”.
“Está além de qualquer circunstância razoável que alguém que presta ajuda e assistência humanitária perca a vida”, completou Albanese.
O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, também se pronunciou pedindo “explicações urgentes” ao embaixador israelense em Varsóvia, Yacov Livne. “Ele me garantiu que a Polônia receberia em breve os resultados da investigação desta tragédia. Uno-me às condolências à família do nosso corajoso voluntário e a todas as vítimas civis na Faixa de Gaza”, disse Sikorski.
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O secretário das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, classificou os assassinatos como “profundamente angustiantes” e disse que fornecerá “total apoio às famílias” dos cidadãos britânicos mortos no ataque aéreo. “É essencial que os trabalhadores humanitários estejam protegidos e possam realizar o seu trabalho. Apelamos a Israel para investigar imediatamente e fornecer uma explicação completa e transparente do que aconteceu”, afirmou ele, que também convocou a embaixadora israelense em Londres, Tzipi Hotovely, para uma reunião.
José Manuel Albares, chanceler da Espanha, país onde foi fundada a ONG World Central Kitchen, disse estar “horrorizado” com a morte dos trabalhadores humanitários.
Pronunciamento de Israel
Em resposta, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que “essas coisas acontecem em tempos de guerra”, referindo-se às mortes. Segundo ele, o ataque não foi intencional.
“Estamos investigando minuciosamente o assunto, estamos em contato com os governos (dos cidadãos estrangeiros mortos) e faremos tudo para garantir que isso não aconteça novamente”, disse Netanyahu.
Os militares israelenses também afirmaram terem aberto uma investigação independente “para compreender todas as circunstâncias do incidente” e que fazem “grandes esforços para permitir a entrega segura de ajuda humanitária” em Gaza.
Apelo por um cessar-fogo
Também nesta terça-feira, Janez Lenarcic, comissário para assuntos humanitários da União Europeia, apelou por um cessar-fogo em Gaza, sendo ecoado por Albares, da Espanha, e Albanese, da Austrália.
Segundo o chanceler espanhol, o país exige “um cessar-fogo e a entrada de ajuda humanitária”. Lenarcic também afirmou em uma publicação no X, antigo Twitter, que “isso deve parar. Agora”, referindo-se à guerra em Gaza.