Ao menos quatro pessoas foram mortas e mais de trinta ficaram feridas em um atentado contra turistas israelenses no aeroporto búlgaro de Burgas, às margens do Mar Negro, nesta quarta-feira.
O Ministério búlgaro do Interior havia indicado a morte de três pessoas e mais de vinte feridos, mas, pouco tempo depois, o prefeito da cidade de Burgas, Dimitar Nikolov, anunciou a morte de uma quarta pessoa e o número de 33 feridos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou oficialmente a República Islâmica do Irã. “Todos os sinais conduzem ao Irã”, declarou Netanyahu em um comunicado.
Este atentado na Bulgária coincide com o 18º aniversário do ataque em 1994 contra a Associação Mutual Israelita argentina (Amia), em Buenos Aires, que deixou 85 mortos e 300 feridos. Na ocasião, Israel também culpou o Irã.
Os Estados Unidos condenaram o ataque “contra pessoas inocentes, sobretudo, crianças, nos termos mais fortes”, declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
O porta-voz acrescentou que o presidente americano, Barack Obama, inclui as vítimas em suas orações.
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, declarou em um comunicado que havia ficado “horrorizada com este ataque e muito chocada com as imagens vindas de Burgas”. “Os responsáveis devem ser presos e condenados”, acrescentou.
Vários comissários europeus também denunciaram o atentado em mensagens postadas no twitter.
A comissária responsável pela ajuda Humanitária, a búlgara Kristalina Georgieva, disse ter ficado “chocada e horrorizada com o anúncio da explosão em Burgas”.
Já Cécilia Malmström, responsável pela Segurança e Relações Internas, expressou a sua tristeza e enviou suas condolências às famílias das vítimas.
O número de vítimas pode ser ainda mais elevado, segundo informações da rádio pública BNR, que indica um possível atentado suicida. Essa hipótese foi sustentada à Rádio do Exército israelense pelo testemunho do sobrevivente Aviva Malka: “Eu acho que foi um atentado suicida. Nós estávamos sentados no ônibus quando, segundos depois, houve uma explosão. Conseguimos sair do ônibus através de um buraco. Corremos para o terminal do aeroporto. Vi muitos mortos e feridos”.
A agência de notícias BGNES indicou um registro de pelo menos “sete mortes”, citando fontes oficiais. Já o prefeito de Burgas, acrescentou que entre as vítimas havia “duas mulheres grávidas, além do motorista do ônibus”.
As vítimas, que chegaram a bordo de um avião fretado que havia aterrissado pouco antes das 14h00 GMT (11h00 de Brasília), estavam em um ônibus que os levaria para o aeroporto de Burgas, informou o Ministério do Interior. O número de passageiros a bordo do avião oscila, de acordo com a fonte, entre 51, incluindo um americano e um esloveno, e 150.
Segundo informações da rádio pública BNR e da rede de televisão privada bTV, três ônibus foram atingidos. Um deles teria explodido e os outros dois, pegado fogo.
O prefeito visitou o local, enquanto o aeroporto de Burgas foi fechado para o tráfego aéreo, que foi desviado para o aeroporto de Varna. O ministro búlgaro das Relações Exteriores, Nikolai Mladenov, e o embaixador de Israel na Bulgária, Shaul Kamisa-Raz, estão a caminho de Burgas.
Esta é a primeira vez que um ataque anti-israelense acontece na Bulgária.
Contudo, Danny Shenar, chefe do serviço de segurança no Ministério israelense dos Transportes, revelou no início do ano uma tentativa de atentado a bomba contra turistas israelenses em 3 de janeiro na Bulgária: um artefato explosivo foi descoberto depois de ter sido escondido em um ônibus que transportaria turistas israelenses da fronteira com a Turquia para uma estação de esqui búlgara. Mas as autoridades do país desmentiram essa informação em seguida.
Nos últimos anos, a região búlgara às margens do Mar Negro tornou-se um ponto turístico popular entre israelenses. Os dois países mantêm excelentes relações. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Bulgária foi o único aliado da Alemanha a ter salvado judeus dos campos de concentração nazistas, o que é lembrado regularmente durante contatos bilaterais com Israel.