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Putin diz aceitar dialogar, mas que interesses russos são ‘inegociáveis’

Fala foi feita após cancelamento de reunião entre EUA e chanceler russo, em sinal mais recente de que caminhos diplomáticos podem estar se fechando

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 fev 2022, 08h24 - Publicado em 23 fev 2022, 08h02
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  • O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira, 23, que Moscou sempre busca “soluções diplomáticas” para a crise envolvendo a Ucrânia, mas destacou que os interesses de seu país são “inegociáveis”.

    “Nosso país está sempre aberto para diálogos diretos e honestos, para a busca por soluções diplomáticas aos problemas mais complexos”, disse em mensagem em vídeo para marcar o Dia do Defensor da Pátria, feriado nacional na Rússia. “Os interesses da Rússia, a segurança de nossos cidadãos, são inegociáveis para nós”.

    A fala, no entanto, se dá em um momento de isolamento russo com o Ocidente. No sinal mais recente de que caminhos para uma saída diplomática podem estar se fechando, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, anunciou na terça-feira que não irá mais se encontrar em Genebra nesta semana com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.

    Além de Blinken, o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, também anunciou que seu encontro com Lavrov, marcado para a próxima sexta-feira, não iria mais acontecer.

    + Em meio à tensão na Ucrânia, embate entre Putin e Biden sobe de tom

    As decisões de EUA e França foram tomadas em meio às tensões pelo anúncio do envio de militares a regiões separatistas pró-Moscou da Ucrânia. Na noite de segunda-feira, o Kremlin publicou um decreto ordenando que o Ministério da Defesa envie tropas para “funções de manutenção da paz” para as autoproclamadas República Popular de Donetsk e República Popular de Luhansk, pouco após reconhecer a independência das duas regiões.

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    Junto aos cancelamentos, Estados Unidos e União Europeia anunciaram sanções contra a Rússia pelo reconhecimento das regiões separatistas. Ao anunciar as medidas, o presidente americano, Joe Biden, disse que as ações de Moscou representam o “início de uma invasão russa à Ucrânia”.

    Apesar das represálias, Putin vem aproveitando o momento para colocar ainda mais  pressão sobre a Ucrânia e seu presidente, Volodymyr Zelensky, afirmando que a melhor solução para acabar com a crise seria o país desistir de entrar na Otan, principal aliança militar ocidental e grande ponto de atrito entre a Rússia e o Ocidente. 

    Segundo Putin, uma eventual adesão do país vizinho à Otan é uma ameaça não apenas à Rússia, “mas também a todos os países do mundo”. De acordo com ele, uma Ucrânia próxima ao Ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado. 

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    A aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos trinta aliados e pela própria Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira para preparar um ataque.

    Em tom desafiador, o embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, disse que “sanções não irão resolver nada no que diz respeito à Rússia”.

    “É difícil imaginar que alguém em Washington esteja contando que a Rússia irá revisar o curso de suas políticas externas sob a ameaça de restrições”, declarou. “Não me lembro de um único dia quando nosso país viveu sem qualquer restrições do mundo Ocidental (…) Não há dúvidas de que as sanções impostas contra nós irão prejudicar o sistema financeiro global e os mercados energéticos. Os Estados Unidos não ficarão de fora”.

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    Na mensagem em vídeo, Putin também parabenizou a prontidão do Exército e disse ter certeza do “profissionalismo” dos militares, que sempre estarão prontos para defender os interesses nacionais. Durante o discurso, ele citou o prosseguimento ao desenvolvimento de armas mais modernas e precisas.

    “Vamos continuar o desenvolvimento de sistemas bélicos avançados, incluindo hipersônicos e os baseados em novos princípios físicos, e expandir o uso de tecnologias digitais e elementos de inteligência artificial”, afirmou. “Tais complexidades são verdadeiramente as armas do futuro, que aumentam significativamente o potencial de combate de nossas Forças Armadas”.

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