Milhares de pessoas saíram às ruas de Barcelona nesta quinta e sexta-feira para protestar contra a prisão de lideranças políticas da Catalunha envolvidas no processo que culminou na declaração de independência da região. Os manifestantes atendaram ao chamado de Marta Rovira, presidente do partido de esquerda catalão, que fez o pedido para “impedir que isso aconteça em pleno século 21”, e carregavam cartazes com mensagens como “liberdade para os presos políticos” na capital e em outras cidades condenando o mandato judicial.
Nove oficiais catalães destituídos pelo governo espanhol foram presos a mando da Procuradoria Geral da Espanha nesta quinta-feira. Apenas um dos detidos, o ex-conselheiro Santi Vila, que renunciou um dia antes da votação pela independência, teve direito a fiança. Ele deixou a prisão na manhã desta sexta-feira após efetuar o pagamento de 50.000 euros.
A juíza Carmen Lamela, responsável por conduzir as primeiras audiências com os ex-ministros catalães, decretou a prisão temporária alegando o risco de fuga do país e destruição de evidências. Outros cinco oficiais independentistas, incluindo o ex-presidente catalão Carles Puigdemont, não compareceram à Madri, e tiveram uma ordem de prisão expedida. Acusados de rebelião, sedição e desvio de fundos, o grupo está em Bruxelas, na Bélgica, e, de acordo com Puigdemont, não retornará à Espanha até receber garantias de um “julgamento justo”.
O ex-vice-presidente da Catalunha, Oriol Junqueras, escreveu em carta publicada nesta sexta-feira no jornal catalão Ara que estar atrás das grades é o “preço” a pagar pela “liberdade” da Catalunha do resto da Espanha. O político admitiu que ele e seus colegas a favor da independência da região corriam o risco de serem presos, e disse que concordou com Raul Romeva, ex-ministro catalão para Assuntos Internacionais que “se o preço pela liberdade é a prisão, então vamos pagar o preço”.
Segundo pesquisas, o partido de Junqueras lidera a intenção de votos para as eleições regionais agendadas para o dia 21 de dezembro. O pleito faz parte das medidas tomadas pelo governo de Mariano Rajoy após dissolver o Parlamento da Catalunha em decorrência da aplicação do artigo 155 para “recuperar a normalidade legal” da região.