Protestos contra lei de cidadania causam ao menos 21 mortes na Índia
Muçulmanos consideram legislação discriminatória e contrária à Constituição indiana; polícia instala barreiras no centro de Nova Délhi
Ao menos 21 pessoas morreram na Índia nos últimos 10 dias nos protestos contra uma lei de cidadania considerada discriminatória pelos muçulmanos, que representam 14% da população do país. Novas manifestações aconteciam neste sábado, 21, em Chennai, capital do estado de Tamil Nadu (sul), e em Patna, no estado de Bihar (leste). Uma manifestação foi organizada em Nova Délhi, onde os participantes utilizavam as lanternas nos telefones celulares para iluminar a área diante da maior mesquita do país, Jama Masjid.
Um manifestante morreu neste sábado em um incidente com as forças de segurança em Rampur, no estado de Uttar Pradesh (norte). As manifestações acontecem um dia depois de protestos no estado de Uttar Pradesh (norte), que terminaram com cinco mortos, incluindo um menino de oito anos. As mortes das últimas 24 horas aumentaram para 21 o número de vítimas fatais desde o início dos protestos na semana passada.
Estes são os protestos mais importantes no país desde a chegada ao poder, em 2014, do governo nacionalista hindu de Narenda Modi. Em muitas regiões do país de 1,3 bilhão de habitantes as autoridades proibiram as manifestações. Em algumas localidades, o acesso à internet foi cortado. Neste sábado, a polícia instalou barreiras ao longo da avenida Jantar Mantar no centro de Nova Délhi, que se transformou nos últimos anos em um ponto emblemático dos protestos no país.
A lei que desatou os protestos, aprovada em 11 de dezembro pelo Parlamento indiano, concede a cidadania a refugiados do Afeganistão, Paquistão e Bangladesh, mas apenas se não forem muçulmanos. Os críticos a consideram discriminatória e contrária à Constituição indiana. A nova lei não afeta diretamente os indianos de confissão muçulmana, mas eles temem uma discriminação após cinco anos de governo nacionalista hindu.