Protestos contra a ONU se intensificam no Haiti
Grupos culpam soldados das forças de segurança pela epidemia de coléra
Manifestações ocorrem menos de duas semanas antes da eleição presidencial, marcada para o dia 28 de novembro
Os protestos no Haiti contra as forças de segurança da ONU, que são responsabilizadas por alguns grupos pela epidemia de cólera que atinge o país, se intensificaram na capital Porto Príncipe. A polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que montaram barricadas e atiraram pedras em veículos das Nações Unidas.
Confrontos entre haitianos e tropas da ONU no norte do país deixaram pelo menos duas pessoas mortas na segunda-feira. As manifestações ocorrem menos de duas semanas antes da eleição presidencial, marcada para o dia 28 de novembro. Casos de cólera já foram identificados em todas as dez regiões do Haiti. Cerca de 1.100 pessoas já morreram em decorrência da doença no último mês. No total, ao menos 17.000 casos já foram registrados no país. A maioria das 38 mortes registradas na capital ocorreram na favela Cité Soleil.
Segundo o Centro para Controle de Doenças Infecciosas (CDC), baseado em Atlanta, nos Estados Unidos, cerca de 1,3 milhão de haitianos ainda vivem em campos de desabrigados após o terremoto de janeiro, dificultando o acesso a água potável, condições sanitárias e atendimento à saúde.
Conflitos – As manifestações contra a Minustah tiveram início após o surgimento de um boato de que a doença teria chegado ao Haiti por meio de uma base militar de soldados do Nepal, onde houve um surto de cólera recentemente. A ONU reconheceu que existem alguns problemas de saneamento na base do Nepal, mas garante que os soldados não foram responsáveis pela epidemia.
Devido aos violentos protestos, as Nações Unidas suspenderam na quarta-feira suas operações de ajuda no norte do Haiti, alegando que os ataques estão prejudicando a resposta à epidemia. Voos que levam ajuda foram cancelados e estão cortados projetos de purificação de água e treinamento.
Cólera – O cólera é uma doença gastrointestinal transmitida por meio da água contaminada e está relacionada a condições precárias de higiene, à superpopulação e à falta de sistemas adequados de saneamento. A doença pode ser tratada com relativa facilidade, mas provoca muitas mortes em países em desenvolvimento.