Protesto por melhores salários inunda Lisboa com milhares de policiais
Manifestantes alegam que diferença entre adicional recebido pela Polícia de Investigação Criminal (PJ) e o resto das forças é discriminatório
Milhares de agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) e membros da Guarda Nacional Republicana (GNR) protestaram nesta quarta-feira, 25, em frente ao Parlamento de Portugal, em Lisboa, por melhores salários e pelo recebimento do mesmo adicional de periculosidade concedido à Polícia de Investigação Criminal (PJ). Eles alegam que a recente decisão do governo, de novembro do ano passado, aumentando o benefício apenas à PJ é discriminatória.
“Exigimos o mesmo tratamento que foi dado à PJ [porque] tem a ver com aumento de salários”, disse o dirigente do sindicato dos policiais SUP, Humberto de Carvalho, à agência de notícias Reuters, argumentando que membros da PSP e da GNR têm “praticamente as mesmas competências que os da PJ”.
O governo português, em crise após a renúncia do primeiro-ministro, António Costa, após uma acusação de corrupção, anunciou o aumento do adicional de periculosidade para os integrantes da Investigação Criminal em até mais 700 euros (cerca de R$ 3740) por mês, pagamentos retroativos até janeiro de 2023. A Associação Sindical dos Profissionais da Policia (ASPP) informou nesta terça-feira 23 que o subsídio para as equipes da PSP está entre 380 e 420 euros mensais (R$ 2031 a R$ 2245).
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Futuro incerto
Os manifestantes se reuniram no Largo do Carmo, “enchendo por completo o largo e as ruas adjacentes”, de acordo com o jornal português Diário de Notícias. Por volta das 18h30 (horário local), eles se dirigiram silenciosamente à Assembleia da República com uma faixa estampada com dos dizeres “policiais unidos”. Os agentes, de maioria masculina, vestiam camisas pretas e alguns portavam bandeiras de Portugal.
Em entrevista ao DN, o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, Bruno Pereira, afirmou que organizações não policiais também participaram do ato para mostrar que a disparidade “transcende os policiais e é uma causa nacional”. Ele também alertou para a necessidade dos partidos portugueses dialogarem com os sindicatos e defendeu que os políticos devem assumir a pauta como prioridade.
Em comunicado, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, disse na última sexta-feira 20 que os agentes de todas as forças devem receber um regime compensatório equivalente aos da PJ. No entanto, o ministro do Interior, José Luis Carneiro, deu um banho de água fria nos manifestantes, argumentando que o governo interino não tem poder para decidir sobre aumentos salariais. Ele indicou, então, que a resolução do problema caberia ao próximo premiê, a ser eleito em 10 de março.