A TV estatal da Rússia alertou, ironicamente, a população para uma possível guerra nuclear com os Estados Unidos e sugeriu que os cidadãos estoquem alimentos e água caso uma catástrofe ocorra, segundo o site britânico UNILAD.
O apresentador do noticiário Vesti 24 disse que “aqueles que sucumbam ao pânico e decidam gastar todas as suas economias” deveriam estocar “menos doces e mais água”, caso o conflito na Síria se intensifique e tome proporções internacionais. Ele lista uma série de comidas que poderiam ser armazenadas, incluindo arroz, aveia e açúcar, para “não gastar dinheiro em vão”.
Segundo o portal de notícias VICE, que também noticiou o episódio, o apresentador diz que 30 litros d’água são suficientes para beber, preparar comida e fazer a higiene pessoal.
Depois, porém, o profissional deixa transparecer a ironia, afirmando que “o verdadeiro pânico não está aqui [na Rússia], mas do outro lado do oceano”, em uma provocação aos Estados Unidos.
Ele diz que as vendas de abrigos contra bombas “decolaram” no território americano depois que Donald Trump assumiu a presidência, dando a entender que os americanos estariam com mais medo do que os russos frente à possibilidade de um conflito nuclear.
As falas durante o programa foram ao ar motivadas pela revolta internacional em relação ao suposto ataque com armas químicas que a Rússia teria promovido na cidade síria de Duma, no fim de semana. Os Estados Unidos e seus aliados internacionais afirmam que estão planejando uma resposta militar, enquanto a Rússia nega que o ataque químico tenha ocorrido.
De acordo com o grupo de resgate pró-oposição ao presidente sírio Bashar Assad, os Capacetes Brancos, o ataque deixou dezenas de feridos. A Organização Mundial da Saúde, por sua vez, afirma que 500 pessoas foram às unidades de saúde sírias com “sinais e sintomas consistentes com a exposição a produtos químicos tóxicos”.
Respondendo a um oficial russo que disse que derrubaria quaisquer mísseis americanos apontados contra a Síria, Trump emitiu um aviso em seu Twitter para que a Rússia “se prepare, porque eles virão”. Disse, ainda, que Moscou não deveria ser aliada de um “animal” que mata seu povo com gás e se diverte com isso, em referência a Assad.
“Nossa relação com a Rússia está pior agora do que nunca, e isso inclui a Guerra Fria”, escreveu. “Não existe razão para isso. A Rússia precisa de nós para ajudar sua economia, algo que seria muito fácil de fazer, e nós precisamos que todas as nações trabalhem juntas. Parem a corrida armamentista?”
O Kremlin anunciou na quinta-feira que a comunicação entre Moscou e Washington estava “ativo” e sendo usada por ambos os lados em uma tentativa de evitar um confronto acidental na Síria.