Cairo, 22 dez (EFE).- O primeiro-ministro egípcio, Kamal Ganzouri, reconheceu nesta quinta-feira que seu país tem um problema de segurança e se retratou de suas declarações do sábado passado, quando afirmou que havia ‘terceiros’ envolvidos nos distúrbios dos últimos dias.
‘Não vou dizer que existe uma terceira parte envolvida nos distúrbios’, disse Ganzouri, sem explicar os motivos de sua mudança de postura, em entrevista coletiva na qual revisou a situação do Egito durante suas duas primeiras semanas à frente do governo interino.
Desta forma, o primeiro-ministro se retratou da afirmação que fez no último dia 17, um dia depois do início dos distúrbios, quando declarou que havia ‘gente’, que não era os jovens revolucionários, que queria que fossem repetidos os distúrbios ocorridos nos últimos meses, sem esclarecer de quem se tratava.
Na entrevista coletiva desta quinta, Ganzouri avaliou que o problema do Egito é ‘o caos da segurança’, o que, segundo sua opinião, impede que doadores internacionais deem assistência ao país, que precisa de investidores e de ajuda econômica devido à situação de suas finanças.
O premiê também não esclareceu a origem desse caos, nem comentou a atuação das forças da ordem durante os últimos dias, que foram muito criticadas pelos manifestantes e organizações internacionais pela violência utilizada para reprimir os protestos.
‘Enfrentamos um problema que requer que nos sentemos para dialogar’, afirmou.
Por essa razão, Ganzouri pediu que antes de debater o julgamento dos que mataram manifestantes, é necessário dar prioridade ao diálogo entre todas as partes para cessar a violência e devolver a estabilidade ao país.
‘Chamo os revolucionários ao diálogo para isolar a minoria que procura o choque com as forças de ordem’, declarou.
Pelo menos 14 pessoas morreram e quase mil ficaram feridas nos enfrentamentos registrados entre os dias 16 e 20 de dezembro no centro da capital, nas imediações da sede do Conselho de Ministros e do Parlamento, próximos à Praça Tahrir.
Além disso, Ganzouri fez um repasse das finanças egípcias e lembrou que, após a Revolução de 25 de Janeiro, vários países ofereceram socorro ao Egito, como os Estados Unidos, que se comprometeram a enviar US$ 2,25 bilhões.
No entanto, até agora o governo egípcio só recebeu um total de US$ 1 bilhão de ajuda dos países árabes, segundo o premiê.
‘Quem ajuda o Egito está ajudando o povo, e não a autoridade’, ressaltou Ganzouri. EFE